Com fibra, rede das pequenas teles já alcança a de gigantes
Os consumidores veem a telefonia pelos olhos de Vivo, Claro, TIM e Oi. Mas há milhares de empresas que, juntas, construíram no país uma rede de fibras ópticas de mais de 400 mil km de extensão.
É uma malha tão ampla quanto a de qualquer uma das grandes teles -que, por sua vez, também usam parte dessa rede para prestar serviços. Na Copa, por exemplo, a Vivo alugou parte da rede da BRFibra para conectar a Arena Pernambuco em 4G.
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Uma das maiores do país, a rede da BRFibra vai do Rio Grande do Sul ao Nordeste. Ao Norte, chega aos poucos, presente, por ora, em Belém (PA) e Macapá (AP). Ao todo, são 15 mil km de fibras ópticas conectando as principais regiões metropolitanas.
"Cobrimos 90% do PIB", diz Eduardo Lites, diretor comercial da empresa. "Com uma rede desse porte, já fomos alvo de diversas ofertas de aquisição." A Telefônica e a TIM já tentaram comprá-la.
Além das grandes operadoras, fundos de investimento também são atraídos para o negócio. Muitos adquiriram participação ou até o controle de empresas de infraestrutura de telecomunicação. A NeoVia é da Intel Capital e do DGF-REIF. A Ascenty pertence ao Great Hill Partners.
Recentemente, a J&F, braço de investimento do empresário Joesley Batista, dono do JBS, planejou entrar no jogo. A ideia era montar uma empresa para trocar as lâmpadas de São Paulo e criar uma rede de fibras ópticas passando pelos postes para a oferta de internet na cidade. Mas a proposta não avançou ante a resistência da prefeitura.
CENÁRIO
O que move esses investidores -todos privados- é o crescimento do consumo de internet (dados) no país. Nas teles, quase metade das receitas sai desse tipo de serviço. Há cinco anos, eram cerca de 10% do faturamento.
Sem uma estrutura tão pesada quanto a de uma tele tradicional, essas empresas conseguem atender seus clientes com preços, em média, 30% mais baixos. Assim, ganham grandes clientes corporativos, que preferem um atendimento mais personalizado.
Além disso, o cenário de investimento começou a melhorar. Com o Plano Nacional de Banda Larga, o governo obrigou que os insumos para redes tenham índice de nacionalização superior a 60%.
"Muitas fornecedoras passaram a fabricar aqui", diz José Luiz Pelosini, vice-presidente da America Net. "Além disso, dá para comprar fibra com o cartão do BNDES, parcelando em até dez vezes."
Segundo Pelosini, antes, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) exigia aprovação prévia de projetos desse tipo para liberar os recursos. "Hoje já dá para fazer compras volumosas sem essa burocracia, pagando com o cartão."
A empresa tem uma rede de 3.000 km de extensão passando por 233 cidades em oito Estados. Oferece velocidades de acesso de até 40 Gbps.
Antes concentrada em São Paulo, a Ascenty agora está se expandindo para Fortaleza, onde construirá uma rede para se conectar com cabos submarinos. Isso reduzirá o tempo de resposta entre servidores do Brasil e dos EUA.
Segundo Pablo Campagnac, diretor-geral da Ascenty, a empresa deverá dobrar sua rede até 2016 para 6.000 km. "Já estamos construindo 250 km de fibra por mês", diz.
Essa transformação ocorre apesar das dificuldades. O setor enfrenta uma das maiores cargas tributárias do país, 45%. Outra barreira é a burocracia das prefeituras, que concedem a licença para obras de passagem dos cabos.
Ainda não existe uma legislação nacional. Por isso, muitas empresas estão dando um "jeitinho": fazem contratos com empresas elétricas para passar seus cabos pelas torres de energia. Em troca, compartilham receitas. Copel e Cemig são as preferidas.
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Atualizado em 25/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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