Com demanda por qualidade mais alta, setor de educação se diversifica
A demanda pela melhoria da qualidade da educação no Brasil abriu espaço para a oferta de serviços e produtos educacionais que prometem contribuir para esse objetivo. "A divulgação das notas das avaliações externas aumentou a preocupação com os resultados", diz o economista Naercio Menezes Filho, do Insper e da USP.
Segundo Menezes Filho, essa preocupação tem gerado um movimento positivo de busca por melhor qualidade. O aumento da escolaridade da população também é propulsor dessa tendência.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, ressalta que 71% dos jovens adultos brasileiros estudaram mais do que seus pais. "Essa geração mais estudada começa a ter filho na escola e é mais exigente quanto à qualidade do ensino."
Na esteira desse aumento da demanda por qualidade e do desenvolvimento de novas tecnologias, têm surgido empresas que oferecem soluções inovadoras de ensino. A israelense Mind Lab entrou no mercado brasileiro em 2005, trazida pelo empresário Valmir Pereira.
A empresa oferece uma aula de 50 minutos que –usando jogos de tabuleiro, por exemplo– ajuda no desenvolvimento das chamadas competências sócio emocionais, como persistência e capacidade de trabalhar em equipe.
Por meio de parcerias com a rede pública e privada, a Mind Lab atinge hoje 400 mil estudantes e 15 mil professores em mais de 700 escolas. "Além da aula, fazemos a formação dos professores e o acompanhamento do programa", diz Sandra Garcia, diretora pedagógica da Mind Lab.
Para ela, a demanda pelo programa da empresa, que pode ser usado por crianças a partir de 4 anos até os jovens no ensino médio, é explicada pelo desejo de reforma curricular no ensino básico brasileiro. Embora essa necessidade de reformulação seja amplamente reconhecida no país, ela tem demorado a decolar.
PRIMEIRA INFÂNCIA
Um número crescente de pesquisas tem mostrado a importância de estímulos educacionais logo nos primeiros anos da infância. Na esteira dessas constatações, empresas de serviços educacionais com foco no público infantil também têm sido alvo de demanda.
A Farofa Studios usa a tecnologia para desenvolver conteúdo e produtos para o público infantil. A empresa venceu há pouco um concurso da Prefeitura de São Paulo e está recebendo apoio para a produção de um jogo que ensina princípios de programação para crianças.
A empresa, fundada há três anos, também tem fechado parcerias com instituições sem fins lucrativos que atuam na área da educação, como a Fundação Lemann. "O brasileiro tem se preocupado cada vez mais com a educação de seus filhos. Mas o país ainda é carente na produção de conteúdo", diz Saulo Ribas, sócio da Farofa.
GASTOS
A maior preocupação com ensino tem se refletido em um aumento de gastos das famílias com educação. Segundo levantamento do Data Popular, os gastos privados com matrículas e mensalidades aumentaram 19% (descontada a inflação) de 2010 a 2014.
No mesmo período, os dispêndios com livros e materiais escolares cresceram 16% (também em termos reais). O mercado de franquias tem sentido esse movimento. Em 2013, o setor como um todo cresceu 11,9%, enquanto o segmento específico de franquias de educação e treinamento expandiu-se 16,6%.
Segundo a Associação Brasileira de Franchising, o setor foi beneficiado pela maior demanda por cursos de idiomas e profissionalizantes.
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