Abilio Diniz compra 10% da filial brasileira do Carrefour por R$ 1,8 bi
O empresário Abilio Diniz comprou 10% da filial brasileira do francês Carrefour por R$ 1,8 bilhão.
Pelo acordo, Abilio poderá obter até 16% do Carrefour brasileiro nos próximos cinco anos.
O negócio marca o retorno do empresário ao varejo brasileiro, após deixar no ano passado a presidência da conselho do Pão de Açúcar.
O Carrefour estuda a abertura de capital da filial brasileira para permitir a entrada de novos sócios, como noticiou a Folha. Os detalhes do negócio serão anunciados no início da tarde.
Abilio, com investidores do fundo Tarpon, já teria comprado mais de 5% das ações do Carrefour, tornando-se um dos maiores acionistas individuais da varejista francesa. A rede francesa tem entre os principais acionistas o fundo americano Colony e o bilionário francês Bernard Arnault, controlador do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy).
Eduardo Knapp - 12.ago.14/Folhapress | ||
Abilio em seu escritório em São Paulo; empresário comprou parte das operações do Carrefour no país |
CONFLITO DE INTERESSE
Em 2005, Abilio vendeu o Pão de Açúcar ao francês Casino, rival histórico do Carrefour, mas só passou o comando em julho de 2012 e saiu do conselho de administração em 2013.
Pouco antes de sair do Pão de Açúcar, o empresário assumiu a presidência do conselho de administração da BRF, empresa que reúne as marcas Sadia e Perdigão, então uma das principais fornecedoras da rede varejista.
A permanência de Abilio nos conselhos do Pão de Açúcar e da BRF foi questionada pelo Casino, que via conflito de interesse e potencial fonte de disputa com concorrentes e fornecedores.
A briga entre Abilio e o Casino se arrastava publicamente desde 2011, quando o brasileiro tentou comprar as operações do Carrefour no Brasil. A estratégia impediria que os franceses do Casino assumissem o controle do Pão de Açúcar em 2012, conforme fora acertado em 2005.
A proposta de fusão enfureceu o Casino, que disse que houve quebra de contrato e recorreu à arbitragem internacional. A repercussão negativa foi forte, e o BNDES, que estudava financiar a aquisição do Carrefour, desistiu.
Sob o comando de Abilio, o Pão de Açúcar saiu do fundo do poço para liderança do varejo no país. Nos anos 80, demitiu 20 mil funcionários e fechou lojas. Em 1999, o Casino entrou na empresa e, em 2000, o Pão de Açúcar se tornou líder.
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