Só 34% das empresas familiares têm plano definido para sucessão
O empresário André Bettencourt sempre soube que atuaria na área contábil. Filho de contador, Bettencourt teve seu destino profissional traçado ainda na adolescência.
"Temos um escritório desde 1978 e meu pai quis que a empresa permanecesse na família. Comecei a trabalhar com ele aos 13 anos. O plano de sucessão começou ali", diz o empresário, que, hoje, gerencia o empreendimento.
A empresa de Bettencourt é uma exceção à regra. Pesquisa da consultoria PwC com 122 empresas no Brasil e 2.378 em outros 39 países indica que apenas uma em cada três empresas nacionais (34%) tem um plano de sucessão, índice menor que a média global, que é de 53%.
"Os brasileiros não se preparam para esse momento porque ele diz respeito à finitude do empresário", afirma Carlos Mendonça, sócio da PwC e líder da área de empresas familiares.
Para ele, essas companhias precisam entender que um negócio bem administrado precisa ter um plano formalizado. "Sucessão é um processo."
Entretanto, apenas 11% dessas corporações têm um projeto nesse sentido que seja robusto e documentado, segundo o estudo.
Apesar de não documentada, a substituição na contabilidade de Bettencourt foi gradual. "Plano no papel a gente não teve. O que meu pai fez foi me colocar para trabalhar em todos os departamentos e a aprender de tudo um pouco. Comecei como office-boy e assumi, de fato, a companhia em 2008."
O empresário pretende fazer o mesmo com o seu filho. "Ele ainda é um bebê, mas eu gostaria muito que ele assumisse no futuro."
Há dois tipos de sucessão: a planejada, que ocorre por causa do avanço da idade do gestor, e a forçada, ocasionada por acidentes ou mortes.
"É preciso ter um plano de contingência para ambas", afirma a diretora especialista em empresas familiares da PwC, Mary Nicoliello.
MORTE DO PAI
Morte foi a causa da troca de comando na empresa Toledo do Brasil, que cria tecnologia para pesagem.
"Assumi no dia seguinte à morte do meu pai, em 2006, mas eu estava preparado", diz Paulo Haegler. O empresário começou a trabalhar na companhia em 1992 e atuou em diversas áreas até chegar à presidência. Pai de dois adolescentes, Haegler já conversa informalmente com eles sobre o empreendimento. "Negócio da família tem alma."
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Paulo Haegler, que virou líder da Toledo um dia após a morte do pai |
Para o consultor Domingos Ricca, da Ricca & Associados, "por mais que os filhos não queiram trabalhar na empresa, eles têm obrigação de conhecer o negócio. Herdeiro hoje, sócio amanhã".
Quando filhos e netos não querem assumir a empresa ou não têm qualificação profissional, o indicado é terceirizar a gestão -52% dos entrevistados pela PwC indicaram considerar essa opção, índice maior que a média mundial, de 32%.
"O papel do gestor externo precisa ser aceito pela família. Não adianta trazer o melhor profissional do mundo e conspirar contra ele. O gestor precisa entender a cultura da família, que também tem que aceitar seu papel", analisa o sócio da consultoria.
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