Agência de risco S&P rebaixa de novo notas da construtora OAS
A construtora OAS, investigada na operação Lava Jato da Polícia Federal, teve nesta quinta-feira (8) suas notas rebaixadas novamente pela agência internacional de classificação de risco S&P –que já tinha feito um corte no último dia 5. Ontem, outra agência, a Fitch, já havia tomado a mesma medida (novo rebaixamento, após um primeiro no dia 2).
Nos dois casos –de S&P e Fitch–, as avaliações passaram para nível "D", ainda pior do que o "C", em que elas se encontravam. Ambos os níveis, porém, já refletem alta probabilidade de "default" (calote).
De acordo com a S&P, o corte de hoje reflete o não pagamento de juros e principal por parte da OAS relativos à sua 9ª emissão de debêntures (títulos de dívida) –mesma justificativa dada pela Fitch ontem para o rebaixamento.
A S&P destaca ainda que acredita que é "altamente provável que a empresa enfrente um 'default' [calote] generalizado. Portanto, toda a dívida em circulação poderia estar sujeita ao atual processo de reestruturação".
As notas rebaixadas hoje foram: a atribuída à OAS, de CC para D na escala global e de brCC/brC para D/D na escala nacional Brasil, a das notas (títulos) que vencem em 2021 da OAS (emitidas por seu veículo financeiro OAS Finance Ltd.), de CC para D na escala global, e a de sua 9ª emissão de debêntures (títulos de dívida), de brCC para D na escala nacional Brasil.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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HISTÓRICO
A Moody's, outra agência de classificação de risco, também rebaixou notas da OAS no último dia 5, acompanhando seus pares internacionais.
Com dois calotes seguidos em apenas três dias, a empreiteira OAS já deixou de pagar R$ 117,8 milhões a investidores no Brasil e no exterior. A empresa entrou numa grave crise financeira depois que seu crédito secou por causa da Operação Lava Jato.
Na última segunda-feira (5), a OAS não pagou R$ 101,8 milhões em debêntures (títulos de dívida) que venceriam apenas em 2016, mas foram antecipadas por causa da crise da empresa.
Outros R$ 16 milhões em juros de papéis no exterior já não tinham sido honrados na sexta (2). A empreiteira tem mais obrigações vencendo no final deste mês e em abril.
A Folha apurou que a estratégia da empresa é não pagar bancos e investidores e preservar seu caixa para garantir o andamento de suas obras. A ideia é fazer isso enquanto tenta vender seus ativos para pagar dívidas.
Após os calotes, três agências de classificação de risco já rebaixaram a empresa (Fitch, S&P e Moody's).
Os bônus da OAS no exterior, que já vinham sendo negociados com descontos característicos de empresas em "default", viraram pó e estavam cotados por apenas 10% do seu valor na segunda.
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Por meio de nota, a empresa informou que "ambas as suspensões de pagamentos estão em linha com o anunciado plano de reestruturação de dívidas que será levado aos credores".
Como a Folha antecipou em dezembro, a OAS contratou assessores para preparar um plano de renegociação de sua dívida de R$ 7,9 bilhões com credores. Metade dessa dívida está nas mãos de investidores estrangeiros. No Brasil, o maior credor é o Bradesco, com R$ 900 milhões.
O plano, que deve ser apresentado nos próximos dias, está sendo preparado pela G5 Evercore, na área financeira, e pelos escritórios Mattos Filho e White & Case, no campo jurídico.
LAVA JATO
Desde que a Operação Lava Jato ganhou corpo, a situação da OAS vem piorando a cada dia. Uma das empresas acusadas de subornar diretores da Petrobras para conseguir contratos, a empreiteira passou a receber com atraso não apenas da estatal, mas de outros órgãos do governo.
Na semana passada, a Petrobras anunciou que não vai permitir a participação das 23 empresas investigadas na Lava Jato em novos projetos.
Com o presidente José Adelmário Pinheiro Filho e os principais diretores na cadeia desde novembro, o dono da OAS, César Mata Pires, nomeou novos executivos.
Elmar Varjão assumiu a presidência da OAS Engenharia e Fábio Yonamine a presidência da OAS Investimentos. O grupo, que surgiu na Bahia, tem a terceira maior construtora do país.
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