PIB pode afundar mais de 1% neste ano e empurrar economia para recessão
Aumento de impostos, crise hídrica e energética, Operação Lava Jato e juros mais altos deverão empurrar a economia brasileira para uma recessão em 2015.
A combinação rara de tantos fatores negativos freará tanto o consumo das famílias quanto o investimento privado, em um momento em que o governo também faz uma forte contenção de gastos.
Editoria de arte/Folhapress |
Economistas de grandes bancos e consultorias que até recentemente esperavam crescimento, ainda que modesto, passaram a última semana refazendo contas.
Muitas das novas projeções já indicam provável contração do PIB (Produto Interno Bruto) entre 0,3% e 1%. Segundo analistas, há risco de queda maior do que 1% se houver racionamento de 10% ou mais na oferta de energia elétrica neste ano.
A crise hídrica em São Paulo –principal centro econômico do país– também poderá ter forte impacto negativo. O problema, nesse caso, é a dificuldade que economistas encontram para estimar o tamanho dos efeitos nocivos.
Faltam dados e informações de empresas e órgãos oficiais para embasar os cálculos. Além disso, não há precedente de eventos recentes dessa magnitude no país.
"Não sabemos, por exemplo, onde estão distribuídos os consumidores de água. Então, é difícil estimar o impacto", diz Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.
Ele revisou sua previsão para o PIB deste ano de uma expansão de 0,3% para uma retração de 0,5%. O cálculo considera uma retração substancial de 5% da atividade industrial. Mas não inclui, ainda, um possível racionamento na oferta de energia.
Outro fator que pesou na revisão do Safra foram os desdobramentos negativos da Operação Lava Jato para a economia do país.
As consequências do escândalo tiveram papel preponderante na revisão feita pela consultoria Tendências, de expansão de 0,6% do PIB para contração de 0,5%.
"Estamos considerando agora um corte de 15% nos investimentos da Petrobras e das empreiteiras envolvidas", diz Alessandra Ribeiro, economista da Tendências.
O cálculo de PIB da Tendências não contempla ainda possíveis racionamentos de energia e de água.
A consultoria MB Associados, que passou a incorporar em sua nova projeção algum racionamento no segundo semestre, já espera contração de 1% do PIB em 2015.
"A essa altura, o dilúvio necessário para encher os reservatórios não deverá vir na quantidade necessária. Além disso, tem políticas fiscal e monetária mais apertadas, e o escândalo da Petrobras com impacto nas empreiteiras piorando o investimento", diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria.
Segundo os economistas, os efeitos das medidas anunciadas até agora pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já estavam incorporadas nos cálculos de desempenho da economia neste ano.
O problema, ressalta Caio Megale, do Itaú Unibanco, é que dados divulgados recentemente indicam que a situação fiscal do governo em 2014 foi pior do que se esperava.
Isso deverá obrigar a nova equipe econômica a anunciar medidas adicionais com impacto restritivo sobre a atividade econômica.
MUNDO
Já o setor externo é um ponto de interrogação. Segundo Tony Volpon, diretor da Nomura, a recuperação da economia americana é favorável, mas a desaceleração chinesa e a queda nos preços de commodities jogam contra.
"Este ano será difícil. O mundo não está bem", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
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Atualizado em 24/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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