Ações da Petrobras caem mais de 10% após balanço e derrubam Bolsa
O principal índice da Bolsa brasileira opera em queda nesta quarta-feira (28), influenciado pela forte desvalorização das ações da Petrobras, que refletem negativamente o balanço da empresa no terceiro trimestre de 2014, após dois adiamentos.
O documento não contabiliza o dinheiro perdido em desvios investigados na Operação Lava Jato e nem a perda de valor recuperável de alguns de seus ativos por efeito do escândalo de corrupção. A companhia atrasou o balanço desde 14 de novembro justamente para a realização de tal ajuste.
Após terem amenizado a baixa no final da manhã, as ações da Petrobras ampliaram a perda no início da tarde. Às 13h32 (de Brasília), os papéis preferenciais da companhia, mais negociados e sem direito a voto, tinham desvalorização de 10,42%, para R$ 9,11. Já os ordinários, com direito a voto, cediam 10,06%, para R$ 8,67. Mais cedo, ambos chegaram a cair até 12% cada um.
O desempenho empurrava o Ibovespa para baixo. O índice apresentava recuo de 1,28%, para 47.971 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,4 bilhões. Papéis de bancos e do setor de siderurgia e mineração também cediam, ajudando a sustentar a perda da Bolsa.
"A intenção da companhia de divulgar o balanço não auditado foi para atender as obrigações com os credores, mas se não tem baixa contábil, para que serve? O mercado trabalhava com uma baixa contábil entre US$ 5 bilhões podendo chegar à US$ 20 bilhões", diz Ricardo Kim, analista da XP Investimentos, em relatório.
"Só para se ter uma ideia, a Refinaria Abreu Lima teve um custo total de US$ 18,6 bilhões. O orçado inicialmente era em torno de US$ 3 bilhões, conteúdo local poderia ter encarecido, porém, uma refinaria deste porte não deveria custar mais do que US$ 6 bilhões, ou seja, só da Refinaria Abreu Lima poderia ter uma baixa contábil de US$ 12 bilhões", completa Kim.
"A decisão da Petrobras mostra que ela está tendo dificuldade para chegar a esse cálculo [de quanto será a baixa contábil]. Isso só aumenta a incerteza do mercado, que está preocupado com o prazo em que isso será definido", diz Henrique Florentino, analista da Um Investimentos.
"Ainda estamos falando do terceiro trimestre de 2014, sendo que nesta quarta-feira já começa a temporada de divulgação dos balanços do último trimestre do ano passado", afirma Florentino. "Deixando a baixa contábil de lado, operacionalmente a empresa não teve desempenho bom."
Para Luis Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos, o fato de o conselho da Petrobras não ter chegado a um consenso sobre a baixa contábil "não é só ruim para ela". Segundo ele, "menores investimentos dela afetam, e de forma expressiva, os investimentos do país como um todo –algo que deve continuar contribuindo para a revisão do crescimento do PIB nas próximas semanas", diz em relatório.
NO VERMELHO
A queda da Petrobras na Bolsa contamina outras ações de grandes companhias nesta quarta. Entre os bancos, o Itaú caía 1,22%, para R$ 33,88, enquanto o Bradesco recuava 1,66%, para R$ 35,40.
As ações de empresas do setor elétrico e de saneamento básico também sofriam. O mercado continua penalizando estes papéis pelo racionamento no país. A concessionária de saneamento do Estado de São Paulo, a Sabesp, mostrava desvalorização de 2,83%, para R$ 13,38.
Os papéis preferenciais da Vale, que caíam pela manhã, passaram a subir durante a tarde, amenizando a baixa da Bolsa. Às 13h32, tinham alta de 0,94%, para R$ 17,15 cada um.
No exterior, os principais índices de ações da Europa mostravam queda, com o mercado ainda cauteloso com a situação política na Grécia, após o líder esquerdista Alexis Tsipras ter se tornado o primeiro-ministro do país. Nos Estados Unidos, a principal referência do dia fica por conta da reunião de política monetária do Fed (banco central americano).
Os investidores esperam que a autoridade monetária dos EUA dê sinais mais claros sobre quando começará a subir o juro básico naquele país, que permanece desde 2008 perto de zero. Uma alta tende a provocar uma retirada de recursos de países emergentes, como o Brasil. A reunião do Fed termina às 17h (de Brasília), mesmo horário de fechamento da Bolsa brasileira.
CÂMBIO
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,46% sobre o real, às 13h32, para R$ 2,588 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subia 0,70%, para R$ 2,589.
O Banco Central do Brasil deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 2.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), por US$ 98,7 milhões.
A autoridade também promoveu um outro leilão para rolar 10 mil contratos de swap que venceriam em 2 de fevereiro, por US$ 488,5 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 89% do lote total com prazo para o segundo dia do mês que vem, equivalente a US$ 10,405 bilhões.
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