Para governistas e oposicionistas, rebaixamento da Petrobras é grave
Governistas e oposicionistas consideraram grave o rebaixamento da nota de crédito da Petrobras, fixado nesta terça-feira (24) pela agência internacional de classificação de risco Moody's.
Para a base aliada da presidente Dilma Rousseff a decisão tem peso, mas representa uma "tempestade" que a empresa está passando para se recuperar fortalecida.
"A Petrobras não chegou a esse patamar de perder totalmente o grau de investimento", afirmou o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia. "Essa é uma tempestade que a empresa está enfrentando e que será vencida", completou.
A Petrobras perdeu o grau de investimento (chancela de local seguro para se investir). A Moody´s cortou a nota de Baa3 para Ba2 –o que corresponde a perda de dois níveis na escala de notas da agência (veja quadro abaixo).
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a posição da agência internacional é "relevante", mas era esperada diante do cenário atual da empresa, que tem enfrentado um "massacre" com as denúncias de corrupção. Segundo o petista, o novo comando da estatal, vai imprimir um novo ritmo e ajudar a recuperar a imagem e credibilidade da empresa.
"Esse fato é relevante mas dificilmente seria diferente por esse momento que a empresa está passando. Mas o governo está agindo, atuando para investigar e passar tudo a limpo. Corrupção se apura e pune os culpados. Isso é uma coisa. A outra é trabalhar pela saúde financeira da empresa", afirmou.
Guimarães disse ainda que há um movimento da oposição para alterar o modelo de partilha para concessão, para beneficiar as grandes petrolíferas. "Defender a Petrobras é defender o modelo de partilha", afirmou.
A oposição responsabilizou o aparelhamento político da empresa pela grave situação da empresa diante do mercado. Segundo o senador Aloizio Nunes Ferreira (PSDB-SP), essa avaliação reflete a profundidade do buraco que jogaram a Petrobras.
"É mais uma consequência dessa tragédia que o PT promoveu ao instalar uma quadrilha para roubar a Petrobras. Infelizmente essas coisas não passam em branco", disse.
O tucano afirmou que o rebaixamento terá consequências para a economia brasileira.
"É terrível porque vai ter consequências sobre os investimentos não só da empresa mas sobre todas as empresas que fornecem para a Petrobras. O setor de óleo e gás no país representa 13% do PIB. Um setor que já está em recessão, recebe um golpe agora".
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), reforçou o discurso.
"Esse é o retrato do desastre da gestão que aparelhou a empresa e permitiu que se consolidasse uma verdadeira teia de corrupção. Infelizmente, não antevejo futuro de recuperação em curto prazo até pelo modelo de solução adotado para a crise, com uma diretoria sem grau de autonomia, competência técnica para tirar o aparelhamento desejado".
Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), afirmou que rebaixamento da nota de crédito da Petrobras "é um desastre provocado pela incompetência do governo."
Segundo o tucano, a medida é motivada por uma série de fatores que envolve excessivo intervencionismo do governo, aparelhamento da empresa, "culminando com o maior escândalo de corrupção da história" do país.
Para o tucano, a perda do selo de bom investimento terá efeito em outras empresas e pode colocar em risco o ajuste fiscal necessário para equilíbrio das contas do país.
"O rebaixamento não prejudica apenas a Petrobras, já que o custo de capitalização de todas as empresas brasileiras será mais caro. É uma péssima sinalização. Além disso, se o governo decidir socorrer a Petrobras, ajudando a pagar a dívida da empresa, o ajuste fiscal do país fica ainda mais prejudicado", afirmou.
O Congressista afirmou que a Petrobras não merecia uma direção desastrosa. "Uma empresa que até poucos anos era a que mais investia, hoje é a que tem o maior endividamento do mundo. [...] Uma empresa com corpo técnico competente, que ainda é a empresa que mais investe em inovação, não merecia uma condução tão desastrosa, o que é exclusiva responsabilidade dos governos do PT".
Ex-candidato à Presidência pelo PSDB em 2010, o senador José Serra (SP) classificou a perda do grau de investimento da estatal como "previsível e lamentável'. "A corrupção virou método de administração da Petrobras. A empresa está sem moral e sem credibilidade", afirmou.
O tucano defendeu uma reformulação da empresa e disse que a economia brasileira será afetada por uma "bola de neve" que descerá da Petrobras e atingirá as empresas com as quais ela tem negócios, em um efeito cascata.
O senador afirmou ainda ser "patético" que tenha gente disposta a defender a empresa. Ele fez referência ao ato em defesa da Petrobras que acontece nesta terça no Rio de Janeiro que contou com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Os que destruíram a Petrobras agora querem fazer um ato para defender os mesmos que destruíram a empresa. É patético", disse.
O líder da sigla no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) comentou o rebaixamento da empresa com um ditado popular. "Quem semeia vento colhe tempestade. Foi o que o governo fez", disse. Para ele, a situação ameaça o grau de investimento do próprio país.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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