Consumidores não veem injustiça no contrabando, diz psicanalista
As pessoas consomem produtos contrabandeados porque não acham a prática injusta. Essa é a conclusão do psicanalista e colunista da Folha Contardo Calligaris e da jornalista e escritora Erika Palomino.
Eles participaram do "Fórum o Contrabando do Brasil, que é promovido pela Folha nesta quarta e quinta-feira.
Para Calligaris, para combater o contrabando é preciso que a tributação do país seja justa.
"Ninguém comete ilegalidade sem achar injusto do ponto de vista moral", disse. "No Brasil os preços são caros, faltam produtos e há leis contraditórias", completou.
Opinião parecida tem Érika. Segundo ela, as pessoas não se sentem inibidas em usar produtos contrabandeados ou decorrentes de descaminho.
"Tem aquela velha cultura do Brasil de querer tirar vantagem onde é possível", disse.
Além disso, a jornalista disse que a pressão da sociedade para o consumo faz com que as pessoas ignorem lampejos éticos na hora das compras.
"Vivemos em uma sociedade que nos estimula [ao consumo]. As pessoas têm uma pressão muito grande do ter", disse.
Sobre campanhas e propagandas que conscientizem as pessoas sobre os riscos de usar produtos contrabandeados, Calligaris considera essas ações válidas, mas acredita ser utópica a ideia de que assim se possa eliminar a prática do crime.
"As pessoas fazem esforço para ter o produto legítimo e serem reconhecidas socialmente", diz.
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