BC anuncia fim de intervenções que equivalem à venda futura de dólares
O Banco Central anunciou nesta terça-feira (24) o fim das intervenções diárias no mercado de câmbio, que vinham contribuindo desde 2013 para evitar uma valorização maior do dólar.
Em nota, a autoridade monetária informou que seu programa de "swap" cambial, por meio do qual diariamente são oferecidos ao mercado novos contratos que equivalem a uma venda futura de dólares, será suspenso a partir do dia 31.
A decisão reflete a nova linha adotada pela equipe econômica, de não adotar medidas para segurar artificialmente o dólar, o que já havia sido sinalizado pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda).
O BC anunciou, porém, que continuará a renovar integralmente o estoque de contratos que já está na mão do mercado, cerca de US$ 114 bilhões –30% das reservas internacionais.
O impacto da medida anunciada ontem tende a ser neutro no médio prazo, na avaliação do sócio da Mauá Sekular Investimentos Luiz Fernando Figueiredo. Mas pode gerar uma certa pressão nos primeiros dias, já que o BC não irá mais fazer leilões diários de novos contratos, que fornece proteção cambial ao mercado, acrescenta.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
No comunicado, o BC ressalta que irá manter a rolagem dos contratos atuais, mas deixa uma porta aberta para uma redução a depender das condições de mercado.
"Os 'swaps' cambiais vincendos a partir de 1º de maio de 2015 serão renovados integralmente, levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado", diz o texto distribuído à noite pelo banco.
PROTEÇÃO SUFICIENTE
Na avaliação de Tombini, o programa, lançado em 22 de agosto de 2013, forneceu "volume relevante de proteção cambial aos agentes econômicos" e, por isso, não é mais necessário que seja mantido.
O BC aponta que, caso considere necessário, poderá fazer os chamados leilões de linha de crédito ao mercado, com compromisso de recompra. E, "sempre que julgar necessário, o BC poderá realizar operações adicionais por meio dos instrumentos cambiais ao seu alcance".
Durante o dia, antes da divulgação do comunicado, Tombini já havia destacado que o programa de "swaps" atingiu seus objetivos. "Temos condições de renovar as operações no curto e médio prazo e entendemos também que o estoque de derivativos cambiais já atende de forma significativa a demanda."
DÓLAR CAI DE NOVO
Nesta terça, o dólar teve a terceiro queda seguida, sob influência da decisão da Standard & Poor's de manter o grau de investimento do Brasil –espécie de selo de local seguro para investir.
Para analistas, a decisão dá ao governo tempo para aprovar os ajustes fiscais.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,99%, para R$ 3,126.
O comercial, usado em transações no comércio exterior, caiu 0,57%, para R$ 3,127. No ano, o dólar acumula alta de 18%.
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