Argentina suspende operações do Citibank no mercado de capitais
O governo da Argentina decidiu suspender preventivamente as operações do Citibank no mercado de capitais do país, em represália ao acordo que o banco fez com os chamados fundos abutres.
A implicação mais imediata da decisão é que, com isso, o banco não poderá repassar uma parcela de US$ 3,7 milhões (R$ 11,9 milhões) da dívida pública argentina que vence no próximo dia 31.
Impedido pela Justiça dos EUA de fazer esse pagamento, o Citi negociou com os fundos abutres um acordo que o permitia honrar as parcelas que vencerão no fim deste mês e também as de junho.
O governo argentino reprovou o acordo. Disse que o Citi não deveria ter pedido autorização à Justiça americana para fazer o pagamento de uma dívida que considera interna e repudiou o diálogo com os abutres.
Nesta sexta (28) à noite, a CNV (Comissión Nacional de Valores), que regula o mercado de capitais argentino, suspendeu preventivamente a licença do Citi de operar neste segmento na Argentina. A medida não tem prazo de validade. As operações comerciais do banco foram mantidas, segundo o governo.
O argumento oficial é que, ao fazer o acordo com os abutres, o Citi se comprometeu em deixar o negócio de intermediação do pagamento de títulos públicos argentinos. Isso, segundo a CNV, "atenta contra os interesses dos detentores de títulos".
O governo da Argentina informou que o pagamento do próximo dia 31 será feito pela Caja de Valores, instituição que faz a custódia e a liquidação de operações do mercado financeiro argentino. Ainda não está claro se a instituição será capaz de realizar a operação a tempo.
O governo da Argentina informou que o pagamento a cargo do Citi (US$ 3,7 milhões) representa cerca de 10% do total que o país pagará em juros aos credores da dívida pública do país em março.
O banco não se pronunciou sobre a decisão.
EUROCLEAR
Outra instituição que deixou o negócio de intermediação da dívida da Argentina foi a Euroclear, que fazia pagamentos a credores europeus. Eles participaram da renegociação da dívida do país entre 2005 e 2010, depois que a Argentina foi à bancarrota em 2001.
Em comunicado, a empresa europeia informou que acatará a decisão do juiz americano Thomas Griesa e não fará pagamentos de títulos do país.
Griesa congelou o pagamento a todos os credores externos da Argentina até que entre em acordo com os fundos abutres, que ganharam na Justiça dos EUA o direito de cobrar US$ 1,7 bilhão (R$ 5,4 bilhões) do país.
A Argentina se recusa a pagar os abutres por questionar o valor cobrado em juros e oferece, em troca, as mesmas condições apresentadas aos credores que aceitaram participar da renegociação, entre 2005 e 2010.
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