Para agência de risco Fitch, Brasil ainda precisa de uma "série de ajustes"
O Brasil ainda precisa implementar "uma série de ajustes" para reequilibrar suas contas e reverter a queda na confiança dos investidores, de acordo com a agência de risco Fitch Ratings.
Para Rafael Guedes, diretor-executivo da agência no Brasil, as medidas anunciadas pela nova equipe econômica são positivas, mas ainda insuficientes.
"Temos uma taxa de investimento relativamente baixa - em torno de 16%. Com isso, não podemos crescer acima de 3%, porque não é sustentável. O país tem de voltar a perseguir uma agenda de reforma macro e microeconômica", afirmou nesta quarta-feira (15) durante evento promovido pela agência em São Paulo.
A Fitch manteve o grau de investimento (selo de bom pagador) do Brasil na semana passada, mas alertou que poderá rebaixar a nota de crédito do país ao colocá-la em "perspetiva negativa".
Hoje, o país está a dois degraus de perder a classificação de local seguro para investir.
"O que levou à perspectiva negativa foi claramente a performance econômica bastante fraca do Brasil. Perto das eleições, o governo, preocupado com o crescimento, tomou medidas que impactaram a dívida. Uma série de desequilíbrios macroeconômicos ficaram muito claros", afirmou Guedes.
Segundo ele, as contas externas ainda são uma força do crédito soberano brasileiro. Mas, com as finanças públicas se deteriorando rapidamente, veio o viés negativo para a nota.
"Uma ação positiva seria a de estabilizar o rating [nota de crédito]. Mais do que isso é muito difícil antever no caso do Brasil neste momento", afirmou o diretor-executivo da agência no país.
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