Esforço de Levy é premiado, mas futuro é nebuloso
Evaristo Sá/AFP | ||
Joaquim Levy |
O ceticismo quanto ao cumprimento das metas de ajuste fiscal fixadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é generalizado, mas isso não significa, de imediato, um abalo no mercado financeiro.
Para investidores e credores da dívida pública, basta, por enquanto, que o governo Dilma Rousseff demonstre empenho em reverter as políticas de escalada de gastos e bondades tributárias do primeiro mandato.
Trata-se de uma espécie de prêmio pelo esforço, ainda que os resultados não sejam brilhantes.
O Tesouro Nacional dificilmente conseguirá poupar o montante prometido para o pagamento de juros, mas ao menos não repetirá o deficit do ano passado.
A relativa calmaria nas cotações do dólar e nos índices da Bolsa é ajudada pelos juros do Banco Central, elevados a 13,25% anuais, ou 6,7% acima da inflação esperada –uma rentabilidade inusitada em uma era de taxas baixas no mundo.
O pacote de medidas enviadas ao Congresso –elevando tributos, dificultando acesso a direitos trabalhistas e previdenciários– funcionou, mesmo desfigurado pelos partidos ditos aliados, como uma evidência da nova orientação de Dilma e do protagonismo de Levy nas decisões econômicas.
TRAJETÓRIA
Mas, se evitou um colapso da credibilidade do governo e do país no curto prazo, a ofensiva fiscal do ministro ainda está longe de apontar para uma melhora consistente a longo prazo.
Obter saldos nas contas do Tesouro não é um fim em si mesmo. O papel dos superavit é deter o aumento da dívida pública, controlar a inflação e, com a volta da confiança na política econômica, permitir a queda dos juros e a retomada dos investimentos privados.
Essa trajetória permanece nebulosa. A maior parte dos analistas não acredita no cumprimento das metas fiscais neste ano e no próximo –e, pior, calculam que, mesmo atingidas, elas não serão suficientes para conter a alta do endividamento, dado o atual patamar dos juros.
FRAGILIDADE POLÍTICA
A tramitação legislativa das medidas de ajuste expôs a fragilidade política de Dilma, resultante da contradição incontornável entre a necessidade de remediar os danos herdados do primeiro mandato e a retórica da campanha reeleitoral, que renegava qualquer hipótese de mudança de rumos.
Por oportunismo ou convicção, os principais partidos de situação e oposição mostraram que não vão permitir mais do que remendos emergenciais nas contas do governo. A Levy resta a guerrilha fiscal de cortar investimentos e elevar os tributos de baixa receita que podem ser alterados por decreto.
Ficará para o próximo governo, na melhor das hipóteses, um debate racional sobre a sustentabilidade das políticas sociais e a recuperação do crescimento econômico.
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