Internet de brasileiro poderia ser mais rápida, diz presidente da Vivo
O presidente da Vivo, Amos Genish, 54, diz que a velocidade da internet dos brasileiros ainda é baixa e poderia melhorar com redução de tributos.
Dos 7 milhões de clientes da Vivo com planos de internet fixa, 3 milhões têm velocidades de até 4 Mbps —1,5 milhão chega a no máximo 1 Mbps. "Estamos tentando negociar com as autoridades mudanças nas regras, para que possamos oferecer pacotes de 5 Mbps a 10Mbps com redução de tributos", diz.
Israelense, Genish está no Brasil desde 1999, quando criou a GVT junto com investidores estrangeiros. Pagaram R$ 100 mil pela licença por uma empresa que forçou as grandes concessionárias a melhorarem qualidade e preço nos locais onde ela se instalava.
Marcelo Justo/Folhapress | ||
Amos Genish, fundador da GVT e presidente da Vivo |
Em 2009, a GVT virou alvo de uma disputa entre a espanhola Telefónica e a Vivendi, grupo de mídia francês dono dos estúdios da Universal. Foi vendida para a Vivendi por R$ 7,2 bilhões.
No ano passado, a Telefônica conseguiu comprá-la da Vivendi por R$ 22 bilhões e Genish foi escolhido o novo presidente do grupo Telefônica no Brasil para liderar a fusão entre as duas empresas -a Vivo e a GVT.
No cargo desde 29 de maio, Genish concedeu a seguinte entrevista à Folha.
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Folha - O sr assume a Vivo em um cenário de crise econômica. Dá para ter otimismo?
Amos Genish - A Telefônica [dona da Vivo] é um investidor de longo prazo e o ciclo atual é temporário. Em que pese as dificuldades, o Brasil é um dos países que oferece as melhores oportunidades de negócio, em todos os segmentos. O ajuste fiscal implementado é um bom começo e pode abrir caminho para a retomada do crescimento e dos investimentos.
O ajuste fiscal foi suficiente?
Deveria ter focado mais em reduções de despesas do Estado do que ônus fiscais adicionais à sociedade.
Por que decidiu ficar na Vivo se teve a chance de assumir posto na Vivendi?
Porque eu preferia o desafio de integrar as duas empresas.
Mas a GVT vai desaparecer.
Até o final de abril de 2016, deixaremos de usar a marca GVT, mas pretendemos manter a cultura e o DNA empreendedor da GVT. Vamos usar a experiência dela em ultra banda larga e TV por assinatura para impulsionar a nova Vivo nos serviços fixos. Com a fusão, vamos nos tornar mais fortes em TV (chegaremos a 2 milhões de clientes no curto prazo), o que contribuirá para ofertas integradas mais atraentes, seja triple play (pacote com voz fixa, banda larga fixa e TV) ou quadruple play (voz e banda larga fixas, TV e serviços móveis).
Isso significa que a vida da Net agora ficará mais difícil?
GVT e Vivo juntas serão mais competitivas e vamos virar o jogo especialmente no mercado paulista [onde a liderança é da Net].
Mas para isso é preciso investimento. Haverá recursos?
O investimento em 2015 deve ficar próximo ao de 2014, cerca de R$ 8,4 bilhões (Telefônica Vivo e GVT), excluídos gastos com licenças. Boa parte vai para o aumento de domicílios com oferta de fibra óptica. Hoje essa rede que vai até dentro da casa do cliente já atende 429 mil na capital e outras 35 cidades no Estado.
Usaremos também um outro sistema, em que a fibra chegará, em média, a 400 metros da residência do usuário [onde não for possível levar a fibra até a casa do cliente]. Em muitos pontos, vamos fazer testes de viabilidade para migrar os pacotes [onde a rede é mista ou só de fios de cobre] diretamente para a fibra. Isso tudo para permitir velocidades maiores.
O cliente Vivo ainda recebe baixa velocidade?
Dos 7 milhões de clientes com planos de internet fixa, 3 milhões têm velocidades de até 4 Mbps. Uma parte (1,5 milhão) contratou o serviço de Banda Larga Popular, que oferece velocidade máxima de 1 Mbps com redução de impostos. Estamos tentando negociar com as autoridades mudanças nas regras, para que possamos oferecer pacotes de 5 Mbps a 10Mbps com a mesma redução de tributos, considerando o aumento da necessidade de banda pelos usuários.
Em negociações com o governo paulista, conseguimos redução de impostos para ofertas de 2 Mbps.
Vale ressaltar que a rede de banda larga fixa no Estado de São Paulo tem ainda um número significativo de clientes que acessam a internet por meio do par de cobre, uma tecnologia que não permite velocidades mais elevadas com qualidade.
Haverá reforço no celular?
A conexão das antenas por meio de rede de fibra ótica atinge 20% da rede móvel atualmente, e tirando proveito da rede da GVT pretendemos chegar a 60% em três anos, o que dará mais capacidade ao tráfego de dados.
A Vivo pretende comprar alguma outra empresa?
Embora atenta a eventuais oportunidades, a Vivo, com as sinergias proporcionadas pela aquisição da GVT, considera-se bem posicionada para os novos cenários.
Não considera nem a compra de frequências caso a TIM se funda com a Oi?
A empresa já fez as aquisições de frequência para a expansão do 3G e 4G. Qualquer outra aquisição dependerá de estudos aprofundados.
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