Às vésperas de calote no FMI, Grécia pede nova ajuda financeira à Europa
O governo grego pediu à Europa nesta terça-feira (30) um novo programa de resgate financeiro, pelo prazo de dois anos, em meio à expectativa de um calote de € 1,6 bilhão no FMI.
A informação foi confirmada à Folha em Atenas pela assessoria do primeiro-ministro, Alexis Tsipras.
Na carta em que pede o empréstimo ao bloco europeu, o governo solicitou novamente o adiamento, por um curto período, da dívida, que vence nesta terça.
Tecnicamente, a concessão do adiamento é considerada improvável pelo fundo, mesmo que haja um acordo político sobre o novo pedido de socorro.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro, o pedido foi feito ao fundo ESM (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira), vinculado à União Europeia. Não há mais detalhes, como valores, por exemplo.
Os ministros de Finanças da zona do euro marcaram reunião extraordinária às 19h (14h, horário de Brasília) para discutir a nova proposta grega.
Agências de notícia relatam que a chanceler alemã, Angela Merkel, se opõe ao pedido grego, preferindo esperar o plebiscito convocado por Tsipras no próximo domingo (5) sobre um acordo com os credores.
A estratégia de Merkel é apostar na vitória do "sim" na consulta popular, a favor de uma negociação com a zona do euro, enfraquecendo o premiê grego, que faz campanha pelo "não".
O governo da Grécia diz que, se liberado, o dinheiro seria usado para atender às necessidades gregas em "paralelo" à restruturação de sua dívida —não houve movimento, por enquanto, em relação ao débito com o FMI.
Vencem nesta quarta-feira (1) os dois programas de resgate que somam € 245 bilhões, financiados pelo FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010.
A Grécia tenta, sem sucesso, desbloquear uma parcela de € 7,2 bilhões desse empréstimo, a última parte dele.
Sem o recurso, o país, em tese, ficará sem qualquer financiamento externo a partir desta quarta, um cenário inédito em cinco anos —por isso teria decidido solicitar um novo socorro ao ESM.
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, as negociações continuam em curso em busca de uma "saída viável "para a permanência da Grécia na zona do euro.
O governo da Grécia e os credores retomaram nesta terça as conversas na tentativa de um acordo de última hora para evitar o calote de € 1,6 bilhão no FMI.
O governo tem até as 18h do horário de Washington (1h de quarta-feira, 1º, pelo horário de Atenas) para quitar a dívida.
Segundo o gabinete de Tsipras, ele conversou por telefone com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi.
Tsipras havia rejeitado na noite passada uma oferta enviada pelo presidente da Comissão Europeia. No entanto, as partes voltaram a conversar nesta manhã em busca de uma solução.
Na mesa de negociação, estão as mesmas bases discutidas até sexta-feira (26) de um ajuste de pelo menos € 7,9 bilhões nas contas públicas, focado em uma profunda reforma na previdência, mais corte de gastos e maior incidência no IVA, o imposto sobre valor agregado. O governo grego resiste até agora.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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