Levy e senadores definem projeto para repatriar dinheiro ilegal
Paulo Whitaker/Reuters | ||
Senadores e Joaquim Levy (Fazenda) definem projeto para repatriar dinheiro ilegal |
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e senadores da base aliada acertaram num encontro nesta quinta-feira (9) a criação de uma série de mudanças na lei que vai permitir que dinheiro de brasileiros no exterior não declarados à Receita Federal possam entrar no país legalmente.
A ideia é que a legalização do dinheiro pague 17,5% de Imposto de Renda e igual percentual de multa, totalizando 35% do total. Os recursos poderão continuar no exterior, se o contribuinte desejar, mas eles terão que ser informados à Receita Federal. Haverá um prazo de 180 dias para fazer a regulamentação. Segundo os senadores, a Fazenda estima que possa haver US$ 200 bilhões de dinheiro não declarado fora do país.
"A ideia é encontrar fontes para avançar na política de infraestutura dentro da ideia de desenvolvimento regional e no ICMS, que destrava investimentos", disse o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, após o encontro.
Os senadores querem aprovar o projeto para viabilizar, com os recursos provenientes da cobrança, mudanças no recolhimento do ICMS, tornando esse imposto mais simples. Os estados que teriam perdas com a mudança do imposto exigem uma compensação. Também será criado um fundo para dotar os estados de recursos para obras públicas no setor de infraestrutura.
Segundo o senador Blairo Maggi (PR-MT), a ideia é que uma parte do dinheiro das multas e do imposto de repatriação abasteça um fundo que vai compensar as perdas dos estados. A estimativa é que esse fundo necessite de R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão por ano.
Os senadores combinaram com Levy que o governo enviará uma Medida Provisória criando o fundo de compensação. Os senadores pretendem votar já na próxima semana um projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) que permite a repatriação dos recursos e um Projeto de Emenda Constitucional, que vai desvincular parte das receitas da repatriação do caixa da União para que ele possa constituir o Fundo de Compensação.
Segundo Maggi, o acordo com os governos estaduais está mais fácil porque novas formas eletrônicas de cobrança de impostos mostraram que para muitos Estados as perdas são residuais e podem ser suportadas até mesmo com esforço fiscal.
"Eu era governador cinco anos atrás e o Mato Grosso estimava que perderia R$ 400 milhões por ano. Agora a gente sabe que a perda é residual", afirmou o senador.
Segundo o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), líder do partido, os senadores vão ouvir outros órgãos do governo, como o ministério da Justiça, para que o projeto de repatriação não encontre resistências legais. Segundo ele, a origem do dinheiro terá que ser comprovadamente lícita para a repatriação. Autor do projeto, o senador Randolfe afirmou que o texto proíbe expressamente que o dinheiro tenha origem ilícita, como tráfico de drogas ou corrupção.
"O crime sempre corre na frente da lei. Alguém pode tentar [trazer dinheiro ilícito], mas existirão os mecanismos de acompanhamento da Polícia Federal, Ministério Público e da Fazenda para impedir que isso se concretize", afirmou o senador.
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