Dilma diz estar 'tranquila' com China e minimiza previsão negativa do FMI
A presidente Dilma Rousseff afirmou estar "tranquila" com a situação da Bolsa da China e minimizou a previsão do FMI (Fundo Monetário internacional) de maior retração da economia brasileira neste ano.
Dilma se encontrou reservadamente com o presidente chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira (9) na cidade russa de Ufá durante a cúpula dos Brics, formado por Brasil, Rússia, China, India e África do Sul.
Ambos se reuniram um dia depois de um dia tenso em Bolsas da China na quarta (9), com desvalorização nos preços e suspensão de negócios de mais da metade de papéis de empresas negociadas em Xangai e Shenzen.
Em entrevista aos jornalistas brasileiros, Dilma disse que o cenário não preocupa o Brasil. "Estou bastante tranquila. A gente sabe como funciona o mercado financeiro. Hoje [quinta], a Bolsa abriu e houve uma recuperação bastante significativa. Eu vi como se vê Bolsa: ela vai e volta. Tinha tido um pico muito grande e agora teve uma queda, e agora uma recuperação. Agora vamos esperar que a recuperação seja sistemática e contínua", disse.
AFP | ||
Homem observa painel com dados sobre ações na Bolsa de Xangai, em Huaibei (China) |
Ela ressaltou que o presidente chinês se mostrou seguro sobre a turbulência. "Eu achei o presidente nesta questão bastante tranquilo e não mostrava nenhuma grande preocupação a esse respeito, com clareza a respeito de que o mercado ia recuperar, de que a China tem suficiente recursos para segurar isso", afirmou.
Questionada sobre a nova previsão do FMI e dos números de desemprego divulgados nesta quinta (9), Dilma afirmou que o país vive um momento "extremamente duro", mas repetiu o discurso de que há forte influência do cenário internacional no contexto negativo da economia brasileira. "O mundo está passando por um processo bastante complicado. O FMI está reduzindo todas as estatísticas para baixo, em qualquer lugar do mundo", disse.
A expectativa do Fundo é que a economia brasileira encolha 1,5% neste ano -a previsão anterior era de -1%. O mercado brasileiro já prevê retração de 2% no PIB em 2015. Já a taxa de desemprego subiu para 8,1% no trimestre encerrado em maio, maior patamar em três anos. "Nós sairemos rapidamente desta crise. A gente acha que o Brasil tem estruturalmente fundamentos para se recuperar rápido", afirmou Dilma.
Após pergunta sobre possível "mea-culpa" sobre a situação econômica do país, ela respondeu: "É uma visão um tanto religiosa essa do mea-culpa. A questão não é essa. O Brasil está enfrentando um momento extremamente adverso em termos de situação internacional. Não estamos com o vento a favor".
DIVERGÊNCIAS COM LEVY
A presidente voltou a negar divergências com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Você acredita em jornal?", respondeu aos jornalistas, após ser questionada sobre o tema.
"Vocês [jornalistas] são interessantes, criam um problema que não existe e querem que eu fale sobre ele? Porque isso é mentira, essa é uma prova. Isso não é verdade, pergunte para ele [Levy] se é verdade, ele foi comigo para os EUA doente, afirmou a presidente.
Joaquim Levy tem recebido pouca atenção da presidente. Recentemente, um funcionário notou que nem os incontáveis e-mails diários ela anda respondendo.
Nas reuniões internas de governo, o ministro da Fazenda passou a ser constantemente questionado pelos colegas e pela própria chefe. A discordância aumentou à medida que a crise econômica acelerou a queda na popularidade de Dilma Rousseff.
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