Grandes cervejarias planejam investir R$ 1,9 bi em Pernambuco até 2020
Enquanto muitas empresas repensam seus negócios, a indústria da cerveja decidiu apostar em Pernambuco, levando para o Estado investimentos que devem chegar a R$ 1,9 bilhão até 2020.
Atraídas por incentivos fiscais, localização estratégica e baixo custo da mão de obra, as líderes Ambev, Grupo Petrópolis e Brasil Kirin, que têm 90% do mercado, reforçaram a presença no polo cervejeiro de Itapissuma e Igarassu, na Grande Recife.
Junto com a Bahia, Pernambuco tem recebido os mais novos projetos do setor no Nordeste —a região tem o segundo maior mercado de bebidas e responde por 23% da produção, segundo a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja). A localização de Pernambuco, mais central dentro do Nordeste do que a Bahia, também favorece a distribuição para o mercado na região.
Infográfico: Indústria da cerveja em PE. Crédito: Google Maps
Líder de vendas, a Ambev comunicou ao governo pernambucano que investirá R$ 400 milhões nos próximos dois anos para ampliar sua fábrica em Itapissuma, hoje com capacidade de produzir 8 milhões de hectolitros/ano.
A unidade será a primeira do Nordeste a produzir as long necks Budweiser, Stella Artois e Skol Senses e a importar a Corona. No local, já são produzidas as principais marcas da cervejaria, como Skol, Antarctica, Brahma, Guaraná Antarctica e Soda.
Também neste mês, a Brasil Kirin, dona da Schin e Devassa, concluiu a ampliação da sua fábrica em Igarassu, no valor de R$ 400 milhões, e anunciou mais R$ 500 milhões para as próximas etapas, previstas até 2020.
Às margens da BR-101, a fábrica irá abastecer, além de Pernambuco, os Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará.
Em abril, foi a Itaipava que inaugurou sua nova fábrica, em uma cerimônia com pompa e o ex-presidente Lula como convidado. Segunda unidade do Grupo Petrópolis no Nordeste, a planta recebeu R$ 600 milhões.
Segundo a gerente de propaganda da empresa, Eliana Cassandre, Pernambuco foi escolhido por sua localização estratégica, que permitirá a distribuição da cerveja para todos o Nordeste.
Atualmente, Grupo Petrópolis e Brasil Kirin empregam 2.400 funcionários em Pernambuco. A Ambev não informou detalhes, afirmando estar em período de silêncio, que antecede a divulgação de seu balanço.
ATRATIVOS
Um dos atrativos do Estado é o Prodepe, programa de incentivos fiscais do governo pernambucano, que concedeu crédito presumido de 85% do ICMS às cervejeiras.
Para o diretor-executivo da CervBrasil, Paulo Petroni, o recente aumento da renda per capita em uma região que tem temperatura média alta durante todo o ano também interessa às empresas.
O otimismo não caiu nem mesmo com a crise —no primeiro semestre, a produção do setor caiu 6,7% em relação ao mesmo período de 2014. "Queremos acreditar que teremos novamente um cenário de desenvolvimento econômico do país", diz Petroni.
Para o economista-chefe da Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco), Thobias Silva, o crescimento robusto das cervejeiras nos últimos anos —a uma média anual de 5%— deu condições para que elas façam aportes mesmo no cenário de crise.
Segundo Silva, a mão de obra qualificada e de baixo custo, a posição estratégica no crescente mercado nordestino e a melhora da infraestrutura para distribuição também contribuem para atrair as empresas para Pernambuco, onde o setor de bebidas representa 11,6% da indústria de transformação.
O secretário pernambucano de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, acrescenta que a existência de um aquífero no polo cervejeiro também foi essencial para a instalação das fábricas –a indústria consome quatro litros de água para cada litro de cerveja produzida.
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