China leva pânico aos mercados; dólar vai a R$ 3,58 e Bolsa cai 3%
AFP | ||
Chinês observa painel com dados sobre ações na Bolsa de Xangai, em Huaibei (China) |
Uma forte queda nas Bolsas de Valores da China motivou a venda maciça de moedas e de papéis de empresas em todo o mundo, e derrubou o preço de commodities (produtos primários com cotação internacional, como minério de ferro, petróleo e soja).
Diante de dados econômicos que mostram crescimento menor do gigante asiático e as quedas recentes do valor das ações, o mercado local esperava que o governo chinês lançasse medidas de estímulo neste final de semana, o que não aconteceu.
Com isso, houve uma onda de ordens de venda de ações, levando a Bolsa de Xangai a uma baixa de 8,49% em seu principal índice. A queda só não foi maior porque papeis que caem 10% têm negociação suspensa.
Bolsa de Xangai - Índice composto da Bolsa chinesa, em pontos
O abalo foi tão grande que a Bolsa de Nova York teve, no início do dia, a maior perda diária na história do índice Dow Jones (1.000 pontos). A situação se reverteu após o presidente da Apple, Tim Cook, afirmar à rede americana CNBC que as vendas crescem na China, reduzindo as preocupações com a desaceleração no país. Os papéis, que despencavam 13%, fecharam em baixa de 2,5% no dia.
No Brasil, a aversão ao risco fez o dólar bater em R$ 3,58 e a Bolsa cair mais de 6,5%. No final do dia, a moeda americana terminou a R$ 3,54 no câmbio à vista (mercado financeiro), com alta de 1,23%.
A Bolsa brasileira teve baixa de 3,03% no Ibovespa, que desceu a 44.336 pontos —patamar de março de 2009.
Nesta terça (25), as perdas se estendiam : a Bolsa de Xangai abriu em queda de 6%.
Segunda-feira negra - Fechamento das bolsas pelo mundo, em %
CAUSAS; CONSEQUÊNCIAS
Ainda não estão totalmente claras as causas para as grandes quedas no mercado de ações chinês, que vêm ocorrendo desde julho.
Em parte, isso ocorre porque o valor dos papéis teria subido muito acima do que deveria, impulsionado por pequenos investidores que se endividaram para comprá-los. Quando atingiu a pontuação máxima, em junho, a Bolsa de Xangai subiu 151% em 12 meses. De lá, recuou 38%.
Com a restrição ao crédito para os investidores chineses, criou-se pânico e uma corrida para se livrar das ações.
Também não há consenso, entre os analistas, sobre a capacidade do governo chinês de conter o que poderia ser um estouro de bolha. Nas últimas semanas, Pequim vinha restringindo vendas e impulsionando compras de ações, para segurar a queda.
Já as consequências da instabilidade chinesa parecem mais claras para economistas. Eles consideram que ficará mais difícil para os Estados Unidos anteciparem a elevação de sua taxa de juros, já que isso faria com que mais investidores vendessem ações para aplicar em títulos americanos, derrubando mercados no mundo todo.
A expectativa dos investidores é que o governo chinês faça algum tipo de intervenção nesta terça (25).
AÇÕES
Aqui, o forte aumento da aversão ao risco fez as ações preferenciais -mais negociadas e sem direito a voto- da Petrobras fecharem no menor nível desde 30 de setembro de 2003. As ações caíram 6,51%, para R$ 7,76, mas chegaram a desabar mais de 9% no início dos negócios.
As ações ordinárias da estatal -com direito a voto- fecharam com queda de 5,43%, para R$ 8,70. No início da sessão, também chegaram a perder mais de 9%. As ações foram afetadas pela desvalorização do preço do petróleo no mercado internacional.
Já as ações da Vale chegaram a desabar mais de 10%, influenciadas pela preocupação com China, o que fez os preços do minério de ferro caírem 5% nesta segunda-feira. Os papéis preferenciais da mineradora tiveram queda de 7,96%%, para R$ 12,38, no menor patamar desde 15 de setembro de 2004. As ações ordinárias caíram 7,78%, para R$ 15,40, no menor nível desde 3 de novembro de 2004.
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