Retração do PIB no 3° trimestre deve ser menor, mas recuperação está longe
A crise econômica vai se aprofundar e o "fundo do poço" só deve ser atingido entre o terceiro e o quarto trimestre. Essa é a avaliação de economistas ouvidos pela Folha com base na análise de indicadores antecedentes da atividade econômica já conhecidos.
A principal razão é que boa parte dos eventos que abalaram a confiança de empresários e consumidores na economia, como a redução da meta fiscal e a disparada do dólar, ocorreram no final do primeiro semestre.
Os efeitos da crise no mercado de trabalho continuam e as demissões devem aumentar, afetando o consumo das famílias e o desempenho do setor de serviços.
O principal indicador do pessimismo é o nível de confiança da indústria, medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Depois de cair 4,9% em junho e subir 1,5% em julho, o indicador voltou a recuar 1,6% em agosto. O dado mais recente sinaliza que a recuperação de julho foi apenas um ponto fora da curva.
"Enquanto a confiança não melhorar, não tem recuperação", diz Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.
"A melhora depende da estabilização da crise política e dos frutos dos ajustes na economia", disse Rodolfo Margato, do Santander.
Um dos motivos do mau humor empresarial é a dificuldade de vender os estoques, o que impede a retomada da produção. Em agosto, 21,3% das empresas relataram ter estoques excessivos; em julho, eram 18,7%.
Alguns indicadores de julho chegaram a sugerir que a atividade pudesse estar estabilizando. O IBC-BR, prévia do PIB divulgado pelo BC, subiu 0,2% em julho, em relação a junho. E o consumo de energia, medido pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), avançou 0,4%.
O efeito, porém, se dissipou conforme saíram dados sobre a venda de papelão ondulado, tráfego nas rodovias e licenciamento de veículos.
Para os economistas, a tendência é que a retração perca força nos próximos trimestre devido à base fraca de comparação. As projeções apontam queda perto de 0,4% do PIB no terceiro trimestre, em relação ao segundo. "A retração continua, mas em magnitude menor", disse Silvia Matos, do Ibre/FGV.
Para Sergio Vale, da MB Associados, o ritmo menos intenso pode dar uma falsa sensação de melhora, mas o consumo será freado pela queda na renda e no desemprego.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 23/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,33% | 125.148 | (17h33) |
Dolar Com. | -0,77% | R$ 5,1290 | (17h00) |
Euro | -0,33% | R$ 5,5224 | (17h31) |