Desempregado não levava tanto tempo para achar vaga desde 2006
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Pessoas esperando ser chamadas para dar entrada no seguro-desemprego |
Desde que perdeu o emprego de auxiliar de serviços gerais no ano passado, Patrícia Silva, 37, tem percorrido as agências de emprego do Rio para se reinserir no mercado. São mais 30 semanas de muita procura e frustração.
"Pego a carta de recomendação da agência e vou para a entrevista, mas são muitos candidatos e nem sempre o salário bom", disse Patrícia, divorciada e mãe de cinco.
Com a piora do mercado de trabalho, o tempo que os brasileiros passam procurando emprego chegou a 14,4 semanas em julho, na média de seis metrópoles, o mais longo para o mês desde 2006 (14,9 semanas).
Os cálculos foram feitos pelo IBGE, a pedido da Folha, com base na PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que acompanha o mercado de trabalho das seis principais regiões metropolitanas do país.
O Rio de Janeiro tem a maior "fila" de espera de emprego do país. Em julho, os desempregados da cidade estavam na média há 17,3 semanas —mais de quatro meses— procurando emprego.
Logo atrás está Salvador, onde o tempo médio de procura é de 16,1 semanas. Em seguida estão as regiões metropolitanas de São Paulo (13,9), Recife (13,1), Porto Alegre (12,7) e Belo Horizonte (11,5).
Em julho de 2012, os habitantes dessas seis regiões levavam em média 12,6 semanas para conseguir emprego, o melhor momento da série, iniciada em 2003. Houve aumento na comparação a julho de 2014, ainda que sutil: eram 14,3 semanas.
O economista João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, diz que o maior tempo de procura por emprego está ligado ao aumento das demissões.
"Se o empregado pede para sair, provavelmente já tem outro emprego em mente. Se foi demitido, porém, a busca leva mais tempo", disse.
TENDÊNCIA É PIORAR
Com a recessão econômica e perspectiva de retomada da economia apenas em 2017, a tendência é de piora do tempo que os brasileiros ficam procurando emprego.
"Dependendo do aprofundamento da recessão econômica, a tendência é que esse tempo médio de procura aumente", disse Saboia.
Em julho, 1,84 milhão de moradores das seis principais regiões metropolitanas procuravam emprego sem conseguir, 56% a mais que em igual período de 2014.
A maior procura por emprego foi o principal responsável pelo aumento da taxa de desemprego das metrópoles em julho para 7,5%, a maior para o mês desde 2009 (8%). Para o IBGE, é considerado desempregado quem procurou trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa.
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