Instituto Fernando Henrique debate inserção do Brasil na economia global
Fabio Braga/Folhapress | ||
O ex-presidente FHC durante entrevista em seu escritório, no iFHC |
O Brasil precisa se ajeitar internamente para voltar a ter proeminência internacional ou deveria, ao contrário, intensificar sua agenda externa como forma de sair da crise?
Foi o tema central de um debate aberto ao público promovido na tarde desta quarta-feira (23) no Instituto Fernando Henrique, em São Paulo, entre o diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e o empresário Pedro Passos, presidente do conselho de administração e sócio fundador da Natura, empresa brasileira que vem investindo no exterior.
Passos defendeu a tese de que o Brasil só poderá superar a crise se caso adote uma diplomacia econômica "mais agressiva".
O empresário sugeriu que o país deveria se empenhar em aderir às grandes negociações comerciais internacionais em vez de priorizar o Mercosul, bloco emperrado por disputas internas.
Passos citou como exemplo de sucesso a já concretizada aliança Transpacífica, que agrupa Austrália, EUA, México e Peru, entre outros, e cobre 24% do comércio e 38% do PIB mundial, segundo o centro de estudos americano Peterson Institute.
O dirigente da Natura afirmou que existem 350 acordos comerciais em vigor no mundo, dos quais o Brasil está amplamente à margem.
"O Brasil ficou para trás, e agora estamos pagando o preço de termos limitado nossas parcerias comerciais", disse Passos, que ironizou o fato de o país ter acordos comerciais com países de economia pouco expressiva, como Israel e Palestina.
"A falta de inserção global é um dos principais fatores para a baixa produtividade e as dificuldades da economia brasileira", acrescentou, citando como exemplos países como China e Coreia do Sul, que têm grande competitividade comercial.
Ricupero defendeu outro pensamento.
Com a autoridade de quem já esteve no alto comando de organismos multilaterais como o Gatt, antecessor da Organização Mundial do Comércio, e o Unctad, braço da ONU para comércio e desenvolvimento, ele sugeriu que o Brasil sofre de crise cujo conteúdo é "100% nacional" e deveria ajeitar a casa antes de entrar no jogo das negociações internacionais.
"É difícil imaginar entrarmos em acordos comerciais que exigem concessões que o Brasil não está em condições de fazer", afirmou.
"Não se pode retirar os tubos que alimentam o paciente terminal e mandar que ele corra uma maratona", comparou.
Ricupero disse que, ao contrário da crise do governo FHC, em 1999, o Brasil hoje tem reservas cambiais e, por isso, precisa ainda menos de ajuda externa.
"Não se vê neste momento a possibilidade que o mundo nos salve de nós mesmos", disse.
Citando o rombo nas finanças públicas, a desvalorização cambial abrupta e a esperada alta dos impostos, Ricupero afirmou que, no momento atual, "é difícil fazer política externa."
O ex-ministro relativizou a importância do comércio mundial e lembrou que o volume dos intercâmbios vem crescendo a ritmo muito mais lento nos últimos três anos.
Segundo ele, com notável exceção da China, as maiores economias mundiais tendem a se sustentar muito mais por dinâmicas internas e relativizou a importância dos Brics, grupo formado pelas maiores economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que, segundo ele, esbarram em profundas divergências de estratégias e prioridades.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 18/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,02% | 124.196 | (17h38) |
Dolar Com. | +0,15% | R$ 5,2507 | (17h00) |
Euro | +0,23% | R$ 5,5983 | (17h31) |