Dólar comercial cai para R$ 3,79 com BC dos EUA; Bolsa sobe pelo 8º dia
A preocupação do banco central dos Estados Unidos com o crescimento global, o que pode atrasar um aumento dos juros americanos, reduziu a pressão sobre os mercados de câmbio e juros nesta quinta-feira (8) e impulsionou as Bolsas internacionais.
O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, ampliou a queda após a divulgação da ata do Federal Reserve e fechou em baixa de 2,14%, para R$ 3,794 na venda. É a menor cotação desde 3 de setembro, quando valia R$ 3,760. A moeda atingiu a mínima de R$ 3,792 no dia.
Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro e que fecha mais cedo (por volta de 14h30), ficou praticamente estável, com leve alta de 0,04%, para R$ 3,824. Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar caiu em relação a 21.
"A ata não trouxe novidades e manteve o tom 'dovish' [conservador] do Fed. Embora haja possibilidade de aumento de juros nos EUA em dezembro, acredito que isso deverá ficar para 2016", disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
A autoridade monetária voltou a mostrar que segue atenta ao nível dos preços nos EUA: o Fed não vê a inflação atingir sua meta de 2% até 2018. Sobre a desaceleração global, os membros do Fed acreditam ser melhor esperar um pouco mais para ver qual seu efeito concreto sobre a economia americana.
Dados do mercado de trabalho dos EUA divulgados na semana passada já haviam reforçado a expectativa de que o aumento de juros naquele país poderia ficar para o próximo ano, o que retardaria a saída de recursos de países emergentes como o Brasil, aliviando a pressão sobre o dólar.
A ata teve efeito positivo nas Bolsas em Nova York, que subiram entre 0,4% e 0,9% nesta sessão e ajudaram o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, a fechar no azul pelo oitavo dia —a maior sequência de altas desde agosto de 2013. A valorização foi de 0,39%, para 49.106 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,782 bilhões.
"O índice subiu quase cinco mil pontos nos últimos pregões e atingiu um nível que 'chama' vendedores, com o mercado mais propenso a vender papéis para embolsar lucros, por isso pode passar por uma correção a qualquer momento. Seria natural", disse Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.
No mercado de juros futuros, as taxas fecharam em queda. O DI para janeiro de 2016 recuou de 14,400% para 14,321%, enquanto o contrato para janeiro de 2021 teve taxa de 15,320%, ante 15,470% na sessão anterior.
Paulo Whitaker/Reuters | ||
Investidores olham painel de cotações das ações na Bolsa brasileira |
OPINIÕES DIVERGENTES
Analistas divergem sobre os motivos que causaram alívio nas últimas sessões aos mercados de câmbio e juros e provocaram a forte alta da Bolsa brasileira. No geral, a avaliação é que, embora o cenário externo tenha ajudado a reduzir as pressões sobre os preços dos ativos, a pauta política brasileira mantém os investidores em alerta.
Os investidores digeriram nesta quinta-feira a notícia de que a presidente Dilma Rousseff teve suas contas reprovadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que enviou seu parecer ao Congresso. "A recomendação, deve ser utilizada pela oposição e aliados rebeldes como argumento para um processo de impeachment", disse Celson Plácido, da XP Investimentos.
A avaliação é parecida com a de Perfeito, da Gradual, para quem a decisão fortaleceu a possibilidade de um impeachment de Dilma. "Mas pessoalmente acredito que isso só aumentaria a quantidade de incertezas na economia", disse.
Um alívio nessa situação viria com a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso, afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest. "Não dá para os parlamentares continuarem trabalhando na base da troca de favores. Não adianta ter impeachment e não aprovar medidas essenciais de ajuste fiscal. Só mudaria a pessoa carregando a faixa, e os problemas econômicos do país continuariam", afirmou.
Para Carlos Calabresi, diretor da Garde Asset Management, a "decisão já estava nos preços". Com isso, o cenário externo ganhou mais destaque na sessão. "A melhora nos mercados é de curto prazo. É uma correção. Não há liderança política para conseguir colocar a economia de volta nos trilhos e isso mantém pressão nas cotações", disse.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que a palavra final do Congresso Nacional sobre as contas do governo só deve sair em 2016.
Calabresi destacou que o forte ganho do dólar no último mês, quando a moeda chegou a atingir a máxima de R$ 4,249, refletiu a incerteza política e econômica do país, fazendo com que o mercado "perdesse a referência e obrigando o Banco Central a agir em conjunto com o Tesouro Nacional para trazer os preços de volta à normalidade."
Nesta quinta, o Banco Central deu continuidade aos seus leilões diários para estender os vencimentos de contratos de swaps cambiais que estavam previstos para o próximo mês. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 511,3 milhões.
AÇÕES
As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, acompanharam a disparada nos preços do petróleo no mercado internacional e fecharam no azul. Os papéis subiram 3,31%, a R$ 8,75. Já os ordinários, com direito a voto, ganharam 3,37%, a R$ 10,75.
As siderúrgicas também tiveram bom desempenho no dia, com a ação preferencial da Usiminas subindo 8,26%, para R$ 3,67, e a CSN ganhando 6,38%, a R$ 5. Quem liderou a ponta positiva do índice foi a empresa de logística Rumo, com avanço de 14,5%, para R$ 7,90.
Do outro lado da Bolsa, os papéis de exportadores encabeçaram a lista das maiores perdas do Ibovespa na sessão, refletindo a forte baixa do dólar. A Fibria recuou 4,15%, para R$ 52,24, enquanto a Klabin teve baixa de 3,42%, para R$ 22,62.
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