Impeachment teria efeito negativo sobre nota de risco do Brasil, diz Fitch
O diretor para da agência de classificação de risco Fitch, Rafael Guedes, afirmou nesta quinta-feira (15) que um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff seria um desdobramento negativo para a avaliação da nota do país diante da consequente paralisia do governo.
A declaração foi dada durante evento da Amcham (Câmara de Comércio Americana) com empresários, no mesmo dia em que a agência reduziu a nota do país de "BBB" para "BBB-".
Isso faz com que o Brasil fique a um degrau de perder o selo de bom pagador concedido pela Fitch, o que aumentaria a dificuldade para governo e empresas em obter empréstimos e receber investimentos.
A nota "BBB-" também foi colocada em perspectiva negativa, o que, segundo o diretor, significa uma chance acima de 50% de que ocorra novo corte em um prazo de até dois anos. Ele ressaltou, no entanto, que "gostamos [Fitch] de resolver essa perspectiva em torno de 18 meses".
Guedes destacou o ambiente político como o principal fator para o rebaixamento. "Um governo com baixa popularidade, um Congresso que não está aprovando medidas, todas as questões da Lava Jato, o impacto que isso vai ter nas construtoras e na infraestrutura formam um ambiente político muito negativo", afirmou.
Ele também classificou a taxa de investimento do país de "medíocre". "Com essa taxa, país nenhum pode querer ter crescimento sustentável acima de 1,5% ou 2% em longo prazo."
ALTA DO ENDIVIDAMENTO
O diretor da Fitch no Brasil afirmou ainda que entre os principais fatores que levaram ao corte da nota brasileira estão a fragilidade da situação fiscal, crescimento econômico negativo enquanto países comparáveis crescem 3%, e a evolução da dívida.
"Nossa expectativa de endividamento sobre o PIB é 66% para esse ano, 69,5% em 2016 e 71,1% em 2017."
Esse deve ser um dos principais fatores a serem levados em consideração pela agência ao avaliar a nota de risco no futuro. "O que a Fitch vai levar em consideração sobre o rating brasileiro é, certamente, como a dinâmica da dívida vai evoluir ao longo do tempo, que é a maior fraqueza do rating brasileiro", afirmou Guedes.
O diretor destacou que o endividamento bruto do Brasil corresponde a 65% do PIB, enquanto que em países com perfil econômico semelhante, o índice está em 39%.
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