Dólar tem instabilidade com estímulo chinês e cautela fiscal no Brasil
O dólar atravessa uma sessão instável nesta sexta-feira (23), com preocupações fiscais no Brasil ofuscando em partes o alívio trazido por medidas do banco central da China para conter a desaceleração da segunda maior economia do mundo.
Às 13h15 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 0,39%, para R$ 3,891 na venda. A moeda chegou a atingir mínima de R$ 3,865 e máxima de R$ 3,933.
Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, caía 0,33%, para R$ 3,894. A divisa bateu R$ 3,867 na mínima e R$ 3,930 na máxima.
O dólar caía sobre nove das 24 principais moedas emergentes do mundo. Entre as dez divisas mais importantes do globo, a moeda americana só perdia força para o dólar australiano.
O banco central da China cortou o juro básico da economia pela sexta vez desde novembro nesta sexta-feira. A taxa de empréstimo bancário referencial de um ano foi reduzida em 0,25 ponto percentual, para 4,35%. Também foi rebaixado o compulsório (dinheiro que fica retido junto ao BC) dos bancos.
No Brasil, o mercado digere a resistência do Tribunal de Contas da União em aceitar que o governo parcele o pagamento de dívidas do Tesouro com bancos públicos, pelo atraso em repasses. A equipe da presidente Dilma Rousseff avalia que o cálculo do deficit primário deste ano pode chegar a cerca de R$ 70 bilhões, em torno de 1% do PIB (Produto Interno Bruto).
O receio é que o descontrole das contas públicas leve o país a perder o grau de investimento (selo de bom pagador) atestado por outras agências de risco além da Standard & Poor's, que rebaixou o rating do país em setembro. Isso forçaria grandes fundos internacionais a retirar investimentos do país, encarecendo o dólar.
O Banco Central deu continuidade nesta sexta-feira ao seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 512,9 milhões.
O clima de cautela com a crise fiscal no Brasil elevava as taxas dos contratos de juros futuros na BM&FBovespa nesta sessão. O DI para janeiro de 2016 subia de 14,240% para 14,262%. Já o DI para janeiro de 2021 estava em 15,980%, ante 15,840% na sessão anterior.
Paulo Whitaker/Reuters | ||
Investidores olham painel de cotações na Bolsa brasileira |
AÇÕES EM ALTA
No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira acompanhava o bom humor externo diante do estímulo chinês e operava no azul, embora com ganho mais ameno que seus pares internacionais.
O Ibovespa tinha valorização de 0,71% às 13h15, para 48.109 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,5 bilhões. Lá fora, os índices acionários de Nova York subiam entre 0,5% e 1,9%. Na Europa, as altas superavam 1,2%.
As ações preferenciais da Vale, mais negociadas e sem direito a voto, subiam 2,22%, para R$ 15,16. Já as ordinárias, com direito a voto, ganhavam 1,13%, a R$ 18,72 cada uma. A China é o principal destino das exportações da mineradora brasileira.
Os bancos também ajudavam a sustentar o ganho do Ibovespa na sessão. Este é o setor com maior peso dentro do índice. O Itaú via seus papéis subirem 1,83%, enquanto o Bradesco mostrava alta de 1% e o Banco do Brasil de 2,30%.
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