'A Levy só resta chorar' sem reformas radicais, diz economista
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem pouca margem para fazer ajuste, diz economista |
"Não há nada que Joaquim Levy possa fazer além de chorar", afirmou Mansueto Almeida, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, em debate no 5º Fórum de Políticas Públicas realizado pelo Insper, com o apoio da Folha, nesta quinta (29).
O pesquisador defendeu que há pouquíssima margem para fazer um ajuste fiscal sem que se mudem regras que afetam as despesas públicas.
Dentre as amarras para a redução de gastos estão a vinculação de gastos com saúde e educação, gastos com programas sociais e com a Previdência. Como, por lei, eles tendem a crescer nos últimos anos, seria preciso elevar a carga tributária em oito pontos percentuais nos próximos 15 anos, independentemente de crescimento do PIB.
Para o pesquisador, "não há como manter os programas sociais sem fazer uma reestruturação radical dos próprios programas, da Previdência e da estrutura tributária, que privilegia os mais ricos".
O ex-coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda afirmou também que, até o final do governo Dilma, a conta de subsídios será alta, porque o país estará pagando a conta do que já foi concedido.
Ele exemplificou com o programa de renovação da frota de caminhões: os veículos foram vendidos com subsídio do BNDES em um financiamento de cinco anos, com juros de 3,5% ao ano, abaixo da inflação. Isso gerou um custo de R$ 26 bilhões para o Tesouro. Independentemente do que acontecer, esse custo está contratado, e, como consequência, esse custo já está em R$ 27 bilhões.
"Dar subsídios é normal, todos os países fazem isso. A questão é qual o custo e qual o retorno para permitir uma análise de custo de subsídio", diz Mansueto.
O pesquisador citou a exposição de Gabriel Ulyssea sobre a ineficácia de programas de incentivo à formalização do trabalho no Brasil, realizada no mesmo evento.
As políticas que usaram subsídios do BNDES foram extremamente caras e não trouxeram o crescimento adequado.
O pesquisador também criticou o Simples, que foi tema das palestras anteriores. "O custo é de R$ 11 bilhões por ano, com resultados muito questionados."
O seminário, que tem transmissão ao vivo pela internet, abordará ainda a equidade fiscal, de Fernando Gaiger, do Ipea.
À tarde, o tema tratado será o papel do terceiro setor, com apresentações de Eduarda La Rocque, presidente do Cariocas em Ação, Sérgio Lazzarini, do Insper, e Ricardo Paes de Barros, professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ciências para Educação do CPP.
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