Grupo OAS fecha acordo para venda da Invepar
Apu Gomes/Folhapress | ||
Prédio em construção da construtora OAS Empreendimentos, em 2012 |
Após duas semanas de negociações em Nova York, o grupo OAS chegou a um acordo com a canadense Brookfield sobre o valor mínimo para a venda da fatia de 24,4% que possui na empresa de concessões Invepar.
A Brookfield concordou em pagar cerca de R$ 1,35 bilhão pela participação, segundo apurou a Folha.
Os credores internacionais, que respondem por 70% da dívida de cerca de R$ 11 bilhões da companhia, concordaram com o valor oferecido.
O aval dos credores estrangeiros era essencial para o sucesso das negociações. Os recursos da venda da Invepar serão usados para pagar parte do valor devido pela OAS. Se esses investidores não aceitassem o valor, poderiam vetar a aprovação do plano de recuperação da empreiteira.
A fatia na Invepar será leiloada após a aprovação do plano. A Brookfield, além de ser a principal interessada, negociou o direito de cobrir a oferta. Por isso, a definição do valor mínimo era tão importante.
Agora, a OAS poderá finalizar a proposta de reestruturação. Desde setembro, a companhia já adiou por quatro vezes a votação do plano diante da falta de acordo.
Apesar do avanço, a assembleia agendada para esta terça-feira (10) terá de ser novamente suspensa, de acordo com executivos envolvidos.
Ainda serão necessários mais alguns dias para acertar detalhes finais. A ideia é que os credores sejam chamados para apreciar a versão final do plano na semana que vem.
Um dos pontos em aberto é o valor do financiamento que a OAS irá receber. A Brookfield havia concordado em emprestar R$ 800 milhões à empreiteira para que ela pudesse manter suas atividades enquanto vende ativos e executa seu plano de recuperação.
O empréstimo, no entanto, deve ser menor. A redução beneficia os credores. Pelo acerto com a Brookfield, o valor do empréstimo será debitado do que a empresa pagar pela participação na Invepar. Assim, quanto menor o financiamento, mais dinheiro sobrará para o pagamento da dívida.
Quando iniciou o processo de venda da Invepar, a OAS esperava conseguir até R$ 2,8 bilhões com a venda. Este ano, os credores internacionais chegaram a dizer que não aceitariam valor inferior a R$ 1,85 bilhão.
Dona de concessões de rodovias, trem, metrô e responsável pelo aeroporto de Guarulhos, a Invepar é considerada um bom investimento.
Na avaliação de executivos que participaram das negociações, a deterioração da situação da empreiteira fez com que a Brookfield buscasse baixar o preço. Pesou também o fato de que a Invepar precisará de investimentos vultosos nos próximos anos e os sócios possivelmente terão de injetar recursos na companhia.
DESCONTO
A proposta de pagamento da OAS aos credores ainda sofrerá alterações ao longo da semana. Na versão apresentada anteriormente, a empresa quitaria seus débitos em até 25 anos.
Os credores brasileiros, para quem o grupo deve R$ 3 bilhões, devem receber o valor de forma parcelada, mas sem descontos.
Aos credores estrangeiros, que cobram cerca de R$ 8 bilhões, haverá corte no valor devido e prazo elástico para pagamento. O desconto final ainda está sendo negociado, mas deve ficar acima de 70%.
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- ENTENDA O CASO
1- Por que a OAS pediu recuperação judicial?
Com seu envolvimento na Lava Jato, a empresa teve sua nota de crédito rebaixada e os credores exigiram o pagamento antecipado da dívida. Sem recursos suficientes, a OAS pediu proteção da Justiça para renegociar os débitos.
A empresa aproximadamente R$ 11 bilhões a credores nacionais e estrangeiros
2- Por que a venda da Invepar é importante?
Para sobreviver, a OAS decidiu vender negócios e concentrar sua atividade no setor de construção. A venda da Invepar (concessionária do aeroporto de Guarulhos) vai para pagar credores. Há outros ativos à venda, como a empresa de saneamento, mas a Invepar vale mais
3- O que acontece agora?
A OAS tem de formular a versão final de seu plano e apresentá-la aos credores. Se a maior parte aprovar a proposta de pagamento, a empresa será reestruturada. Caso contrário, sua falência será decretada
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