Investimentos recuam 4% e acumulam nove trimestres de queda
Com empresários pouco confiantes sobre o futuro da economia, os investimentos tiveram queda de 4% no terceiro trimestre deste ano, na comparação aos três meses anteriores, informou o IBGE nesta terça-feira (1º).
O resultado negativo contribuiu assim para a queda de 1,7% do PIB no terceiro trimestre deste ano, frente ao trimestre imediatamente anterior, como mostraram dados divulgados pelo IBGE nesta terça.
Foi o nono trimestre consecutivo de queda dos investimentos, tecnicamente chamado de formação bruta de capital fixo. É a maior sequência de queda nas estatísticas disponíveis, iniciada em 1996.
Quando comparado ao mesmo período do ano passado, os investimentos tiveram uma queda ainda maior, de 15%, a pior da série histórica da pesquisa.
PIB - Tri. x tri. imediatamente anterior, em %
PIB do Brasil |
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Nos momentos de incertezas e turbulência, os empresários adiam suas decisões de construir fábricas, comprar máquinas. Famílias também adiam a decisão de reformar suas casas, afetando os investimentos.
Com isso, os investimentos foram afetados pelo recuo na produção e na importação de bens de capital, além do fraco desempenho da construção civil, segundo informou o IBGE nesta terça-feira.
Os investimentos acumulam agora queda de 12,7% no ano e de 11,2% no acumulado de quatro trimestres (12 meses).
Já a taxa de investimento foi de 18,1% do PIB no terceiro trimestre deste ano.
Investimentos - Tri. X Tri. imediatamente anterior, em %
Para Rogério César de Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), os investimentos na economia devem retomar quando empresários começarem a ter expectativa de aumento de vendas.
"É preciso prever que o investimento vai gerar rentabilidade. É o ponto fundamental. Existe também um custo de oportunidade dos investimentos, ou seja, quanto eles renderiam aplicados em juros. Então o patamar de juros é elevado", disse Souza.
Ele afirma que o corte dos investimentos públicos dificultam a retomada dos investimentos privados e que o corte no plano da Petrobras também tem atrapalhado as estatísticas de investimentos. A estatal reduziu em 30% os investimentos deste ano.
Vale lembrar que os dados divulgados nesta terça-feira seguem a nova metodologia do IBGE, pela qual uma série de itens antes considerados gastos passaram a ser computados como investimentos.
Indústria - Tri. X Tri. imediatamente anterior, em %
INDÚSTRIA
Pela ótica da oferta, o mau resultado da produção de máquinas e equipamentos também pesou no desempenho da indústria brasileira no terceiro trimestre.
O PIB da indústria teve queda de 1,3% no terceiro trimestre deste ano, na comparação aos três meses anteriores, na série com ajuste sazonal. Na comparação ao mesmo período do ano passado, a baixa foi de 6,7%.
Segundo o IBGE, a maior queda do setor se deu na indústria de transformação, com uma baixa de 11,3% na comparação ao mesmo período do ano passado. Além das máquinas e equipamentos, o segmento foi afetado pela menor produção de eletrônicos e equipamentos de informática.
Já a construção civil recuou 6,3% na comparação ao mesmo período do ano passado. Nesta base de comparação, a atividade extrativa mineral cresceu 4,2% em relação ao terceiro trimestre de 2014, puxado pela extração de petróleo.
"Os setores de transformação e construção civil representam 70% da indústria. Se os dois estão em queda, é inevitável a queda da indústria. Essa baixa só não foi maior porque a extrativa mineral contribuiu positivamente", disse Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.
Na comparação ao terceiro trimestre do ano passado, a indústria extrativa mineral teve alta de 4,2%, ajudado pela produção de petróleo e de minério. Produção e distribuição de eletricidade também subiu 1,5%, com o despacho de usinas térmicas.
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