Experiente em crises, BTG tem futuro incerto
O BTG Pactual que tenta sobreviver à crise de reputação, após a prisão do banqueiro André Esteves, tem longa experiência em passar por momentos de apuros.
Nos anos 80, época da hiperinflação, vivia da aplicação do dinheiro dos clientes no overnight, o antigo mercado de juros de um dia, até pouco antes de o Brasil dar o calote na dívida, em 1987.
Após a estabilização, o negócio de destaque passou a ser as reestruturações de empresas que rumavam para a falência -passaram pelo "hospital" do Pactual a fabricante de chocolates Lacta, a aérea Varig, a loja Mesbla, de departamentos, a construtora Encol e a TV Manchete.
Foi o banqueiro Luiz Cezar Fernandes, fundador e então controlador do Pactual, quem introduziu no país a engenharia financeira (e jurídica) de separar a parte boa -marca, história, fábricas etc.- da parte podre de uma empresa: dívidas, processos judiciais, impostos atrasados.
Ganhou manchetes nos jornais, trouxe esperança de manutenção de empregos, mas sucesso mesmo teve apenas com a Lacta, que foi vendida para a Philip Morris; nas demais, a crise era afastada até uma próxima tormenta.
O reinado de Luiz Cezar começou a ruir em 1997, com a tentativa frustrada de comprar o antigo banco BCN. Ele foi abandonado na última hora pelos sócios André Jakurski e Paulo Guedes, que se opunham ao Pactual ir para as ruas disputar espaço com Bradesco e Itaú.
Luiz Cezar foi se afundando em dívidas de suas outras empresas. Aos poucos, foi trocando socorro financeiro dos sócios -entre eles, o jovem André Esteves- por parte de suas ações. No final de 1999, acabou sendo obrigado a vender os 12% restantes por US$ 80 milhões ao quarteto que, além de Esteves, tinha Gilberto Sayão, Marcelo Serfaty e Eduardo Plass.
Alessandro Shinoda/Folhapress | ||
o banqueiro André Esteves, ex-presidente do banco BTG Pactual |
Começava o reinado de Esteves, ainda dividindo espaço com Sayão, hoje na Vinci Partners. Nos anos 2000, o banco apostou no chamado Novo Mercado da Bolsa, o segmento de alta transparência e respeito aos minoritários, e comandou a onda de aberturas de capital.
O sucesso foi tão grande que despertou a cobiça dos suíços do UBS, maior gestor de fortunas do mundo, que adquiriu o Pactual em 2006, por US$ 2,6 bilhões.
Dois anos depois veio a crise americana, o UBS quase quebra e precisa ser socorrido pelo governo. À época, falava-se que Esteves teria liderado um grupo para derrubar os antigos controladores e comprá-lo barato; ele nega.
Fora do UBS, onde chegou a comandar a área de renda fixa global em Londres, Esteves volta ao Brasil, abre sua butique BTG (Banking and Trading Group) e recompra o banco dos suíços praticamente pelo mesmo valor, formando o BTG Pactual.
O banco vira um dos campeões nacionais do governo Lula e arremata o PanAmericano do empresário Silvio Santos, em meio a escândalo de maquiagem de balanço. Com a compra da corretora chilena Serfin, consolida uma posição de destaque na América Latina.
No ano passado, comprou o suíço BSI, também gestor de fortunas, que agora está à venda. Para sobreviver, vai se desfazendo uma a uma das participações: foram-se a Rede D'Or, de hospitais e a próxima deve ser a Estapar, de estacionamentos.
Nas palavras de um ex-sócio, que pediu para não se identificar, fatalmente o Pactual tentará passar uma borracha no reinado de Esteves, perderá muitos clientes e "encolherá". "Se irá sobreviver é uma outra história."
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 18/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,02% | 124.196 | (17h38) |
Dolar Com. | +0,15% | R$ 5,2507 | (17h00) |
Euro | +0,23% | R$ 5,5983 | (17h31) |