Moody's ameaça rebaixar nota do Brasil e tirar selo de bom pagador
A rápida deterioração econômica deixou o Brasil mais perto de perder o grau de investimento pela Moody's. A agência de classificação de risco colocou a nota do país em observação para o rebaixamento nesta quarta-feira (9).
A mudança significa que uma nova decisão sobre a nota deve ser tomada em até três meses. A Moody's rebaixou o país em agosto, colocando-o no último nível do grau de investimento —atestado de que é um bom pagador de suas dívidas.
Em nota, a agência afirma que as condições econômicas e fiscais pioraram rapidamente e a probabilidade de reversão deste cenário nos próximos dois ou três anos é baixa.
"Os indicadores continuam a se deteriorar fortemente com nenhum sinal claro de quando o fundo do poço será atingido", diz o texto. "A piora das condições estão levando a Moody's a reavaliar se o desempenho fiscal e econômico estarão em linha com as suposições que sustentam a classificação do Brasil em Baa3."
Para manter a nota, o país precisaria apresentar um retorno a um crescimento do PIB de cerca de 2% e superavit primário de magnitude similar depois de 2016. Uma virada no próximo ano, no entanto, parece improvável, diz.
Entre as razões para a mudança, a Moody's aponta ainda a piora da governabilidade e o aumento no risco de paralisação, impedindo que as políticas necessárias para o ajuste fiscal sejam adotadas.
"Há uma falta de consenso político no Brasil sobre a necessidade de resolver a rigidez orçamentária de maneira mais agressiva, por meio de reformas que reduzam os aumentos de despesas obrigatórias", afirma.
O início do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff também é citado como fator complicador.
"[Ele] lança ainda mais dúvidas sobre a possibilidade de cooperação entre o Congresso e o Executivo para a aprovação de medidas significativas de consolidação fiscal em 2016, deixando pouco espaço para que se combata as tendências de piora fiscal no médio prazo", diz o comunicado.
Jogo dos ratings das agências de risco
FUGA DE CAPITAL
O país perdeu o grau de investimento concedido pela Standard & Poor's em setembro e, agora, possui o selo de bom pagador de apenas duas agências: Moody's e Fitch.
O rebaixamento por mais uma delas pode causar uma retirada de recursos investidos no Brasil, já que parte dos grandes fundos de investimento exige o selo de pelo menos duas agências para manter suas aplicações.
O grau de investimento é uma condição atribuída por agências internacionais de classificação de risco a papéis, empresas ou países para definir que se trata de um investimento seguro -ou seja, com baixo risco de calote.
As três agências risco de maior visibilidade no mundo são a Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch Ratings.
As notas de crédito têm impacto sobre o custo da dívida de empresas e países. Quanto melhor a classificação, menor tende a ser o desembolso com os juros dos financiamentos, e vice-versa.
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