Elevação moderada em juros nos EUA deve beneficiar países emergentes
Jonathan Ernst - 9.out.2013/Reuters | ||
Presidente do Fed, Janet Yellen, ao lado de Barack Obama, presidente dos EUA |
A decisão do Fed (BC dos EUA) de promover um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros e a sinalização de que o processo de alta será lento e gradual evitam mudanças bruscas no fluxo de capitais, segundo analistas.
A expectativa é que os juros nos EUA subam até atingir o intervalo entre 1,25% e 1,5% ao ano em 2016. Considerando a inflação esperada de 1,6% no próximo ano, a taxa de juros real deve continuar negativa.
Banco Central dos EUA |
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"Isso significa que o fluxo de capitais continua potencialmente abundante, pronto para entrar em economias emergentes com taxas de juros elevadas ajustadas pelo risco", disse Marco Maciel, economista-chefe da Bloomberg no Brasil.
Mas ele destaca que esse não é o caso do Brasil, onde as taxas são altas, mas perdem um pouco sua atratividade quando são ponderadas pelo risco.
Angel Ubide, pesquisador do Instituto Peterson de Economia Internacional, afirma que o mercado já absorveu nos preços de ativos possíveis fugas de recursos para os EUA, pois essa alta nos juros americanos era amplamente esperada.
Evolução da taxa de juros dos EUA, em % -
GRADATIVO
Para Zeina Latif, economista da XP Investimentos, o processo de alta nas taxas de empréstimos nos EUA terá implicações, mesmo que comedidas, no câmbio e nos preços de commodities.
O risco de oscilações mais bruscas está na possibilidade de um aumento pelo Fed em ritmo mais acelerado que o esperado.
Mas, para Maciel, as estimativas mais recentes para a economia americana reforçam a ideia de que a alta será gradual: o crescimento deve ficar em 2,4%, a taxa de desemprego será ao redor de 4,7% e a inflação será inferior a 2%.
"Entre os dirigentes do comitê de política monetária do Fed, há unanimidade mais forte em relação a aumentos mais comedidos nas taxas em 2016", disse.
PIB dos EUA - Variação trimestral
HISTÓRICO E EXPECTATIVAS
Os juros nos EUA estavam próximos de zero desde dezembro de 2008, quando a crise financeira culminou na falência do banco Lehman Brothers, instalando o pânico nos mercados e mergulhando a economia americana à pior recessão desde a década de 1930. O Fed então cortou a taxa de juros ao mínimo histórico, entre zero e 0,25%, num esforço para impulsionar a recuperação do país.
Com a economia americana mostrando sinais de retomada, especialistas alertavam nos últimos meses para o risco de esperar demais para um aumento de juros, entre eles a criação de uma bolha de ativos financeiros, devido ao excesso de liquidez no mercado.
Outro problema foi lembrado pela própria presidente do Fed, Janet Yellen, em discurso há duas semanas. Manter a taxa de juros perto de zero por um longo período, disse, talvez acabasse forçando o Fed a a apertar a política monetária "abruptamente". "Isso poderia perturbar mercados financeiros e até levar a economia, inadvertidamente, à recessão", afirmou.
Em meio à expectativa dos últimos meses, muitos economistas apontaram que o ritmo do aumento dos juros será tão ou mais importante que o momento da decisão.
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E AGORA? PERGUNTAS E RESPOSTAS
1. Como os juros nos EUA afetam outros países?
Títulos do Tesouro americano são considerados a aplicação mais segura do mundo. Se seus juros sobem, atraem investidores, que retiram recursos de outros países
2- Qual o impacto para o Brasil da migração de investimentos para os EUA?
A maior procura por dólares faz subir a cotação da moeda americana. Se o país precisar de recursos externos, terá também que oferecer taxas maiores de juros
3- Como os investidores vão reagir ao aumento dos juros?
Depende. Muitos analistas afirmam que a alta não deve ter tanto reflexo em ativos como o dólar, que já estaria precificando o aumento. Outros especialistas acreditam que haverá uma corrida por títulos públicos americanos, considerados de risco zero.
Isso porque as taxas de juros na Europa e no Japão —também considerados seguros— estão baixas e devem permanecer nesses patamares por algum tempo, enquanto os países europeus e a economia japonesa se recuperam da crise.
4- O dólar no Brasil sobe cada vez que se fala de aumento de juros nos EUA. Como a moeda deve reagir?
A grande diferença de juros —a taxa básica brasileira está em 14,25% ao ano— deve conter a fuga de investidores do Brasil em direção aos Estados Unidos, mas o dólar tende a se apreciar ante o real.
A desvalorização da moeda brasileira, porém, deve ser gradual e ocorrer a cada elevação dos juros nos Estados Unidos. Não são esperadas variações muito bruscas.
5- Além do dólar, que outros investimentos reagem ao aumento de juros?
A Bolsa brasileira deve perder atratividade com a perspectiva de aumento de juros nos EUA, por ser um investimento de risco. Então é possível que o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, sofra algumas quedas, mas nada muito forte.
O ouro também sofre, porque não paga juros. Além disso, sua cotação é influenciada pela demanda de países como a China, que tem desacelerado.
O mercado de títulos é bastante afetado, pois papéis emitidos por empresas com grau especulativo —sem o selo de bom pagador—devem pagar uma remuneração maior. A dificuldade de captação pode causar a falência de algumas empresas.
6- O Banco Central brasileiro está preparado para o aumento de juros nos EUA?
O BC pode reforçar sua atuação no mercado cambial.
Além disso, a leitura é que a depreciação de quase 40% na taxa de câmbio neste ano ajudou a preparar o Brasil para uma provável alta de juros nos EUA.
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