EUA aprovam reforma do FMI e países emergentes ganham mais participação
Karen Bleier/AFP | ||
Bandeira dos Estados Unidos hasteada em frente ao Capitólio em Washington |
O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta sexta (18) a reforma da governança do FMI (Fundo Monetário Internacional), uma antiga reivindicação do Brasil e de outros países emergentes.
A decisão abre caminho para atualizar a participação dos países nos processos decisórios da instituição, refletindo o peso de cada um na economia global.
A reforma muda o equilíbrio de forças no Fundo. As chamadas economias mais avançadas (G-7) passarão a ter, somadas 41,2% dos votos, comparados com os atuais 43%. Serão, portanto, ultrapassadas pelos emergentes, cujo poder de decisão cresce de 42,1% para 44,7%.
Entretanto, considerando-se além do G-7 para incluir outras economias avançadas, os países desenvolvidos continuam na frente, apesar de cair de 57,9% para 55,3%
A reforma foi aprovada em 2010, mas dependia da ratificação dos EUA, que detem 16,7% dos votos. Depois de anos de resistência da oposião republicana, o aval do Congresso à reforma do FMI foi incluído num acordo abrangente sobre o orçamento, que foi aprovado nesta sexta. A decisão dá fim a um impasse que gerou tensões entre o FMI e os EUA e contínuos protestos dos emergentes,
O projeto de reformas de 2010 dobra a contribuição dos países ao FMI e permite a realocação dos votos, dando mais voz aos emergentes. O aumento mais significativo é o da China, cujo poder de voto passa de 3,8% para 6%. No caso do Brasil, cresce de 1,71% para 2,21%. A parcela dos EUA cai de 16,7% para 16,5%. As perdas mais significativas em poder de voto são dos países europeus.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, saudou o fim do impasse. A demora na reforma da governança do Fundo era uma de suas maiores frustrações, que ela expressava em público sempre we podia. Em comunicado, ela disse que a decisão do Congresso americano é um "passo crucial" para fortalecer o papel do Fundo em apoio à estabilidade financeira mundial.
"As reformas aumentam de forma significativa os recursos do FMI, permitindo que respondamos a crises de forma mais eficiente, e também melhora a governança do FMI ao refletir o crescente papel dinâmico de países emergentes e em desenvolvimento na economia global", afirmou Lagarde em um comunicado. "Um FMI mais representativo e moderno estará ainda mais equipado para atender às necessidades de seus 188 membros no século 21".
Para Otaviano Canuto, diretor-executivo do FMI para o Brasil, a reforma dá "um ganho de credibilidade" para a instituição, pois aproxima a sua estrutura de governança da realidade da economia mundial.
"Na prática, ocorre um deslocamento de 6% no volume total de cotas para as economias emergentes, levando a uma redução da fatia de países que estão representados acima do que deveriam", disse à Folha. "O fortalecimento da voz do Brazil no FMI reflete de forma mais proporcional o que o país representa para a economia global".
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