Banco Central mantém taxa Selic e agrada ao governo
Marcos Santos/USP Imagens | ||
Banco Central decide manter inalterada taxa de juros em 14,25% ao ano |
Em um reunião cercada de polêmicas, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão agradou o Palácio do Planalto, que era contra subir a Selic agora, para não esfriar ainda mais a economia.
A justificativa do BC para a manutenção foi "a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas".
Assim como ocorreu na reunião anterior, em novembro, seis diretores votaram pela estabilidade da taxa. Outros dois, pelo aumento de 0,50 ponto percentual. Os "dissidentes" foram novamente Tony Volpon (Assuntos Internacionais) e Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro).
Na terça (19), o presidente do BC, Alexandre Tombini, causara surpresa ao divulgar nota que alterou as apostas sobre o rumo da política monetária nesta primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em 2016.
Tombini afirmou considerar "significativas" as novas projeções do FMI indicando piora no cenário econômico brasileiro.
Para o mercado, foi um sinal de que o BC daria mais peso à desaceleração da atividade, e menos à alta da inflação, para tomar sua decisão.
Com isso, economistas passaram a prever uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa Selic ou até sua manutenção. Até aquele momento, a leitura era a de que haveria uma elevação de 0,50 ponto.
CREDIBILIDADE
Para alguns analistas, o BC usou o FMI como pretexto para mudar de posição e atender ao Planalto. Para eles, a decisão pode até estar certa, mas foi feita de forma errada, pois tirou a credibilidade do BC para derrubar a inflação.
A necessidade de subir os juros divide os economistas. Assim como alguns diretores do BC, há analistas que avaliam que o aumento pode ajudar a conter repasses da alta do câmbio, por exemplo.
SELIC |
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Para outros, a política monetária perdeu sua eficácia. Não é capaz de derrubar os preços, influenciados pelo câmbio e pelas tarifas.
Auxiliares da presidente Dilma disseram à Folha que empresários do setor produtivo e até do mercado financeiro, em conversas nos últimos dias com o governo, manifestaram sua posição contra um aumento dos juros.
Segundo um auxiliar, essa posição foi defendida inclusive por alguns dos principais banqueiros do país.
O argumento é o de que, embora a inflação seja um grande problema do país, ela tende a cair por causa da forte retração econômica. Por isto, o mais importante seria evitar uma piora da recessão.
Assessores próximos da presidente Dilma Rousseff avaliam que, se houve um erro do Banco Central, foi de comunicação e não de dosagem de sua política monetária, que estaria mais em sintonia com a situação de crise da economia brasileira.
Segundo auxiliares, o BC pode ter errado no "timing" de sinalizar ao mercado sua disposição de não elevar em 0,50 ponto percentual a taxa de juros, o que poderia ter sido feito com mais antecedência e não na véspera do último dia da reunião do Copom.
Um assessor palaciano disse à Folha considerar injustas as críticas de que o governo estaria pressionando o BC a não subir a taxa de juros, quando essa posição estava sendo defendida até por economistas ortodoxos, como Affonso Celso Pastore.
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