Cortar custo é palavra de ordem em petroleiras independentes
Clóvis Miranda - fev.2012/A Crítica/Folhapress | ||
Funcionários da então HRT (hoje PetroRio) em Tefé (Amazonas); empresa reduziu custos |
Petroleiras independentes do país têm cortado na carne para tentar evitar repetir o trágico desfecho da OGpar (ex-OGX), que decidiu na semana passada interromper as operações de seu único campo de petróleo devido à queda das cotações globais.
PetroRio (ex-HRT) e Queiroz Galvão, as duas outras petroleiras nacionais que produzem campos marítimos, estão chamando fornecedores para renegociar contratos e não descartam postergar investimentos se o barril permanecer no preço atual.
Diferentemente da Petrobras, essas empresas não têm receita com a venda de combustíveis para compensar os baixos ganhos com a produção de petróleo. Segundo avaliação de analistas, elas podem ter seus projetos inviabilizados pela cotação atual.
"Se os preços demorarem a subir, a situação vai ficar insustentável", comenta Anabal dos Santos Junior, secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip).
A PetroRio iniciou em 2015 um programa de renegociação de contratos que reduziu os custos de operação do campo de Polvo, na bacia de Campos, de US$ 240 milhões para US$ 130 milhões ao ano.
Agora, com o petróleo na faixa de US$ 30, decidiu chamar novamente os fornecedores, com o objetivo de chegar a US$ 90 milhões.
A PetroRio produz atualmente 9.000 barris de petróleo por dia em Polvo. O diretor de projetos da empresa, Nelson Queiroz Tanure, diz que o campo ainda dá retorno com petróleo a US$ 30.
"Polvo está em risco no cenário de preços atual", discordam Diego Mendes e Pablo Castelo Branco, do Itaú BBA, em relatório divulgado na sexta-feira (22).
PRESERVAR CAIXA
Menos impactada no momento, por produzir mais gás do que petróleo, a Queiroz Galvão diz que, além de renegociar contratos, trabalha na "redução e racionalização" de custos internos.
O objetivo é preservar caixa para o investimento no início da produção do campo de Atlanta, na bacia de Santos, no segundo semestre.
Para os analistas do Itaú BBA, o custo de produção do projeto vai variar de US$ 16 a US$ 24 por barril.
Com menor qualidade, o petróleo brasileiro tem valor mais baixo do que o Brent, referência internacional.
No caso de Polvo, a diferença é de US$ 7, segundo a PetroRio. Em Atlanta, deve ficar 10% mais barato do que o Brent, calcula o Itaú BBA. Para os analistas do banco, o projeto não gerará caixa ao preço atual.
O fluxo de caixa negativo foi a justificativa dada pela OGpar para suspender as operações em Tubarão Martelo. O projeto produzia 8.500 barris por dia e foi desativado na semana passada.
Entre as petroleiras que atuam apenas em campos terrestres, ainda não há sinais de suspensão de operação, mas a preocupação com o cenário também é grande.
Apesar do custo menor, essas empresas não têm escala para exportar. Acabam vendendo o petróleo no país a preço ainda mais baixo na comparação com o Brent.
"Hoje em dia, a primeira coisa que o pessoal faz ao acordar é olhar o preço do barril de petróleo", resume Junior, da Abpip.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 19/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,74% | 125.124 | (17h39) |
Dolar Com. | -0,97% | R$ 5,1993 | (17h00) |
Euro | -0,49% | R$ 5,5708 | (17h31) |