Leilão de fatia da construtora OAS na Invepar não atrai interessados
Apu Gomes/Folhapress | ||
Prédio em construção da OAS em São Paulo |
Não apareceram interessados no leilão realizado nesta segunda-feira (14) pela fatia de 24,4% da OAS na Invepar, concessionária do aeroporto de Guarulhos, da BR 040 e de obras de mobilidade urbana no Rio.
O desfecho desfavorável já era esperado, após a desistência da canadense Brookfield, que havia oferecido R$ 1,35 bilhão. Envolvida na Lava Jato, a construtora está em recuperação judicial.
A fatia da OAS na Invepar pertence agora oficialmente aos credores da construtora para abater parte das dívidas, conforme previsto no plano de recuperação, mas essa solução deve ser temporária.
Segundo apurou a Folha, o ativo pode acabar nas mãos dos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, sócios da OAS na Invepar com quase 25% cada.
A partir da publicação do resultado do leilão, o que deve ocorrer em breve, os fundos terão 30 dias para exercer seu direito de preferência. Executivos dos fundos já sinalizaram internamente e à OAS que avaliam ficar com o negócio.
Eles argumentam que há uma divergência de "visão estratégica" com os credores da construtora, já que a Invepar é um investimento de longo prazo, enquanto os credores querem recuperar seu dinheiro no curto prazo.
Alguns credores entraram com um pedido na Justiça para suspender o plano de recuperação e evitar tomar posse do ativo, mas o juiz responsável pelo processo deu prosseguimento ao leilão.
SITUAÇÃO DELICADA
A fatia na Invepar era considerada a "joia da coroa" dos negócios colocados à venda pela OAS. Mas os investidores foram perdendo interesse quando ficou clara a delicada situação da concessionária.
Nos governos Lula e Dilma, a Invepar foi turbinada por investimentos dos fundos de pensão e por empréstimos para vencer licitações, pagando ágios significativos à União.
Só que agora não tem recursos para pagar as dívidas, ao mesmo tempo em que arca com os investimentos necessários para que suas concessões gerem receita.
Para evitar que a empresa ficasse inadimplente, os fundos de pensão injetaram mais R$ 1 bilhão na Invepar por meio da aquisição de debêntures (títulos de dívida) no fim do ano passado.
A compra de nova participação na empresa deve provocar polêmica na Previ, Petros e Funcef, que devem registrar déficits significativos em 2015. Os representantes dos pensionistas não querem correr o risco de perder mais dinheiro.
No balanço de 2015, que ainda não foi divulgado, os fundos devem reduzir o valor de sua fatia na Invepar em R$ 600 milhões para R$ 2,2 bilhões por conta da crise da empresa.
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