Preço baixo do combustível desvia rumo a carros mais econômicos
A busca por veículos mais eficientes no consumo de combustíveis regrediu desde que os preços da gasolina despencaram nos EUA, no ano passado. É o que mostra um estudo sobre as vendas mensais de veículos no país, conduzido pela Universidade de Michigan.
O pico de eficiência foi atingido em agosto de 2014, quando o consumo médio de combustível dos veículos novos vendidos foi de 11 quilômetros por litro em condições reais de uso. Mas esse número vem caindo constantemente desde então. Nos dois primeiros meses deste ano, a média foi de 10,7 quilômetros por litro.
"Ainda que os carros de passageiros e caminhões estejam se tornando mais econômicos a cada ano, os consumidores vêm optando, em sua esmagadora maioria, por adquirir modelos de baixa economia, como picapes e utilitários esportivos", disse Michael Sivak, que compila o estudo em companhia de um pesquisador associado, Brandon Schoette, para o Instituto de Pesquisa do Transporte da universidade.
A mudança no mercado ameaçam as metas impostas nos EUA para um consumo mais eficiente. antes que a EPA (Agência de Proteção Ambiental americana) inicie sua revisão sobre os padrões de consumo e emissões, em junho, já começaram as negociações com o governo.
As montadoras de automóveis não solicitaram formalmente mudanças nas metas para a Eficiência Empresarial Média de Combustível (Cafe, na sigla em inglês), até agora. Mas estão preparando seus argumentos, por meio de estudos e pesquisas acadêmicos, de que a meta aceita para 2025 foi adotada em um momento em que a gasolina custava mais de US$ 1 por litro, e os consumidores se preocupavam mais com escolher um modelo com bom consumo quando saíam em busca de um novo veículo.
Com as metas de quilometragem subindo ano a ano, as montadoras estão acrescentando novos modelos híbridos e elétricos para compensar as vendas crescentes de picapes e utilitários esportivos de consumo mais alto. Mas os modelos de mais baixo consumo de combustível estão entre os menos populares nas concessionárias.
Os ativistas ambientais afirmam que as montadoras de automóveis não necessitam de grandes vendas de carros elétricos a fim de atingir suas metas de Cafe e que podem continuar melhorando a economia de combustível ao adotar tecnologias já existentes - tais como sistemas de desligamento e religamento automáticos que param o motor quando um carro está em ponto morto - para todos os seus veículos.
"As companhias de automóveis estão produzindo mais utilitários e menos carros", disse Daniel Becker, diretor da organização ecológica Safe Climate Campaign. "Mas elas não estão usando sua melhor tecnologia, como turbocompressão e sistemas de desligamento e religamento automáticos, em todos os veículos de suas frotas".
Em lugar disso, as empresas estão confiando nos créditos para emissões a fim de compensar a disparada nas vendas de picapes e utilitários esportivos de alto consumo de combustível. "Essas brechas na regulamentação são questionáveis e precisam ser fechadas", ele disse.
A maioria das montadoras tem cumprido os atuais padrões de economia de combustível, e vem melhorando firmemente o consumo da maioria dos veículos em suas linhas, pelo uso de materiais mais leves, desenhos mais aerodinâmicos e motores menores.
Mas as versões híbridas dos sedãs de porte médio vendem pouco, se comparadas às versões com motores a gasolina, e os consumidores frequentemente preferem as opções com motores maiores, nas picapes, por conta da gasolina mais barata.
META DISTANTE
Desde que aceitaram os novos e severos padrões do governo para consumo de combustível, cinco anos atrás, as montadoras de automóveis dos Estados Unidos vêm melhorando metodicamente a quilometragem por litro de seus veículos e reduzindo as emissões prejudiciais ao meio ambiente.
Mas a despeito de investirem bilhões de dólares em tecnologias para economizar combustível e de terem lançado muitos modelos de baixo consumo e carros elétricos, o setor terá dificuldade para cumprir a meta de um consumo de combustível médio de 23,2 quilômetros por litro para sua linha de veículos em 2025.
Agora, está se aproximando a data para uma revisão de meio de percurso nas regras governamentais de economia de combustível, e as montadoras devem buscar ajustes na fórmula do governo para determinar o padrão de economia de combustível e o corte das emissões de gases causadores do efeito estufa.
As mudanças propostas incluem alongar o prazo para cumprimento do novo padrão de consumo e a expansão dos créditos para emissões a fim de incluir melhoras de segurança e veículos autoguiados - como as medidas anunciadas na semana passada por montadoras para adotar sistemas de frenagem automáticos como padrão para todos os modelos até o começo da próxima década.
"Acreditamos que o governo precise começar a pensar de maneira mais criativa, e não considerar apenas as maneiras tradicionais de redução dos gases causadores do efeito estufa", disse Gloria Bergquist, porta-voz da Aliança de Fabricantes de Automóveis norte-americana, em Washington.
Um esforço do setor para aliviar os padrões de quilometragem poderia provocar conflito com o governo Obama, cujo compromisso de reduzir emissões, como parte do acordo sobre a mudança do clima em Paris no ano passado, inclui obter grandes avanços na eficiência energética dos veículos.
Por enquanto, funcionários do governo e executivos do setor automobilístico vêm adotando postura colaborativa e elogiando os avanços em economia de combustível nos últimos anos, em lugar de questionar a capacidade do setor para atingir os padrões de economia de combustível muito mais exigentes requeridos para o futuro.
Em relatório de progresso divulgado em dezembro, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) anunciou que a economia de combustível de veículos novos vendidos nos Estados Unidos havia registrado melhora de 26% entre 2004 e 2014, e atingido 10,3 quilômetros por litro.
"Fica claro que os nossos padrões estão funcionando", disse Christopher Grundler, diretor do Serviço de do Transporte e Qualidade do Ar na agência ambiental.
O número de 10,3 quilômetros por litro se baseia em operação de veículos no mundo real e fica abaixo dos números de consumo usados para calcular a Eficiência Empresarial Média de Combustível (Cafe, na sigla em inglês). A média obtida sob os padrões Cafe em 2014 foi de 13,2 quilômetros por litro.
As montadoras individuais também puderam melhorar seus resultados Cafe ao usar um complexo cardápio de créditos para emissões que o governo adotou para inovações técnicas como faróis de baixo consumo de energia e sistemas avançados de ar condicionado.
No geral, a maioria das grandes montadoras está a caminho de atingir o padrão médio de 15,7 quilômetros por litro de consumo de combustível que deve ser cumprido até o ano que vem, quando acontecerá a revisão das metas. Algumas delas, a exemplo da Fiat Chrysler, só estão dentro das normas por terem adquirido créditos de emissão de outras companhias.
Mas melhorar significativamente a economia de combustível de toda uma linha de veículos está se tornando mais complicado e mais dispendioso.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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