Petrobras discute queda do preço de combustíveis e ações caem 9%
As ações da Petrobras despencaram nesta segunda-feira (4), diante de notícias sobre a possibilidade de redução do preço da gasolina e do diesel, vendidos hoje a preços superiores aos praticados no mercado internacional.
Em resposta a críticas do conselho de administração, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, afirmou em carta que ainda não há decisão sobre a medida.
As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 8,83%, e as preferenciais, 9,33%.
Na carta enviada aos conselheiros, Bendine diz que a companhia monitora permanentemente a composição de custos e o comportamento do mercado e debateu se a redução dos preços poderia reverter a retração das vendas, que chega a 10% neste ano.
"Não houve qualquer avanço além disso –apenas um debate sobre a elasticidade do mercado neste momento e seus efeitos na nossa estratégia e nos nossos resultados", escreveu o presidente da Petrobras na carta, à qual a Folha teve acesso.
DEFASAGEM - Diferença entre preço da gasolina no Brasil e no golfo do México (em %)
Integrantes do conselho de administração encararam o texto como um recuo da diretoria da estatal, que acusam de ceder a apelos do Palácio do Planalto para contribuir com uma agenda positiva em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma.
No domingo (3), o presidente do conselho, Nelson Guedes, chegou a mandar uma mensagem a Bendine alertando para os impactos de uma redução de preços na credibilidade da empresa e ameaçando deixar o cargo.
Pelo estatuto da Petrobras, a diretoria não necessita de aval dos conselheiros para definir preço de combustível.
Na carta, Bendine negou "politização" nas discussões. "Estamos todos aqui, diretores e conselheiros, com o objetivo de atender única e exclusivamente os interesses da Petrobras", afirmou.
PRÊMIO
Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a gasolina e o diesel estão sendo vendidos no Brasil a um custo bem superior ao praticado no exterior.
As contas variam entre especialistas: de acordo com a Tendências, por exemplo, a diferença é hoje de 23,5% no caso da gasolina e de 42,7% no caso do diesel.
O Centro Brasileiro de Infraestrutura calcula que, na média de março, a gasolina no Brasil foi vendida a um valor 24,8% superior ao do mercado internacional. Já no caso do diesel, o prêmio da estatal foi de 50,4%.
Entre os conselheiros da Petrobras, porém, é majoritária a visão de que a estatal não deve reduzir preços neste momento, sob o risco de prejudicar o processo de ajuste em suas contas.
Com uma dívida de quase R$ 500 bilhões, a companhia vem cortando custos e investimentos para tentar sobreviver à crise. Na sexta-feira (1), anunciou um plano de demissão voluntária para cortar até 12 mil trabalhadores.
Estimativas internas apontam que a Petrobras deixou de receber R$ 100 bilhões entre 2011 e 2014, período em que subsidiou o preço dos combustíveis.
Para o consultor Walter de Vitto, da Tendências, as perdas só serão totalmente recuperadas se os preços forem mantidos no patamar atual pelos próximos seis meses.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 23/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,33% | 125.148 | (17h33) |
Dolar Com. | -0,77% | R$ 5,1290 | (17h00) |
Euro | -0,33% | R$ 5,5224 | (17h31) |