Obama critica mudança de empresas americanas para outros países
Gary Cameron/Reuters | ||
Barack Obama critica transferência de empresas para outros países |
Barack Obama iniciou um novo round contra grandes corporações. Em discurso nesta terça (5) na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos criticou empresas locais que transferem suas operações para outro país, atrás de impostos mais em conta.
Elas "renunciam à sua cidadania, mas ficam com todas as recompensas de serem uma companhia americana", disse em coletiva de imprensa. E quem paga a conta, continuou, "é a classe média".
Na segunda (4), o Departamento de Tesouro americano anunciou novas medidas para brecar um processo conhecido como "inversão tributária" –quando corporações mudam de endereço em busca de taxas menos onerosas.
A Pfizer é um bom exemplo. A gigante farmacêutica, fabricante do Viagra, planeja uma fusão de US$ 150 bilhões com a irlandesa Allergan, que produz o Botox. Se concretizada, a empresa vai tirar proveito da carga tributária mais baixa na nação europeia.
PANAMÁ
Para fortalecer sua causa, Obama citou os "Panama Papers" –documentos que mostram como o escritório Mossack Fonseca atuou do Panamá para abrir empresas offshore mundo afora.
Os papéis revelam como a elite política e empresarial de diversos países usou esse esquema para sonegar impostos ou lavar dinheiro.
Para o presidente, há paralelo entre o caso panamenho e a "inversão tributária". Ele defendeu que mesmo operações consideradas legais deveriam ser repensadas.
O dinheiro que vai ralo abaixo com "macetes" empresariais, segundo Obama, "poderia estar sendo gasto em necessidades urgentes dos EUA".
"O princípio básico de garantir que todos paguem sua cota justa e que nós não tenhamos algumas poucas pessoas capazes de se beneficiar das provisões tributárias. Isso é algo que merece nossa atenção."
O volume desperdiçado com a soma das evasões tributárias legais e ilegais, disse, "não são só na casa dos bilhões de dólares, podem chegar a trilhões".
O anúncio do Departamento de Tesouro, contudo, é encarado como paliativo. O Congresso, de maioria oposicionista (republicana), precisa autorizar uma reforma mais drástica –algo improvável, sobretudo em ano eleitoral.
"Essas ações tiram alguns dos benefícios econômicos da 'inversão' e ajudam a desacelerar essas transações", disse o secretário do Tesouro, Jacob Lew, em comunicado. "Mas sabemos que as companhias continuaram atrás de novos e criativos modos para realocar seu endereço tributário e evitar pagar a conta em casa."
TRUMP E CRUZ
No encontro com jornalistas, Obama contou que vem sendo "frequentemente questionado" por líderes internacionais preocupados com "as sugestões mais malucas" de Donald Trump e Ted Cruz.
Os dois são pré-candidatos republicanos à sucessão presidencial e já se disseram a favor de uma agressiva reforma imigratória nos EUA –que poderia expulsar milhões de ilegais do país.
Apoiar uma corrida nuclear oriental contra a Coreia do Norte (Trump) e respaldar "incondicionalmente" Israel contra a Palestina (Cruz) são outras plataformas polêmicas.
Obama misturou um sorriso com uma careta de horror quando uma repórter o perguntou sobre Trump. "Ah, não, é Trump!", brincou.
O presidente, contudo, reforçou que não digere mais facilmente as propostas do senador texano, Cruz, "que de certas formas são tão draconianas quanto as de Trump, em termos de imigração".
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