Argentina ainda tem que pagar US$ 3 bi a credores individuais
O governo argentino pagará nesta sexta-feira (22) US$ 9,5 bilhões (R$ 34 bilhões) aos fundos abutres –credores que compraram papéis "podres" da dívida do país e não aceitaram as reestruturações dos anos 2000.
O problema do calote, porém, ainda não será encerrado. Restam cerca de US$ 3 bilhões para serem negociados e, apesar de esses credores serem menores, não há indícios de que um acordo sairá tão fácil.
Argentinos que não pertencem a nenhum fundo (pessoas físicas que detêm títulos da dívida) reclamam que estão sendo discriminados pelo governo e que os abutres receberam ofertas melhores.
"O governo fez uma manobra bem orquestrada [para fechar com os abutres], mas nunca se preocupou com os particulares", disse à Folha o secretário da Adapd (Associação de Danificados pela "Pesificação" e pelo Default), Horacio Vázquez.
"Conosco, eles nem conversam. Veja como tratam sua própria gente", acrescentou.
A oferta básica do governo é pagar US$ 1,5 para cada US$ 1 que o investidor tiver em título. O fundo NML (do milionário americano Paul Singer), porém, deverá receber nesta sexta US$ 2,8 por cada US$ 1, já que seus papéis tinham uma taxa de juros maior.
Vázquez também quer levar cerca de US$ 3. Ele afirma que uma decisão de 2006 da Justiça americana fixou esse retorno para os seus títulos e os de outros membros da associação. O governo, no entanto, nunca pagou.
"Por que agora vou aceitar menos?", questiona.
O argentino fica ainda mais enfurecido por ter comprado os papéis, antes do calote, por valores entre US$ 0,90 e US$ 1,10, enquanto o NML não pagou mais de US$ 0,30, pois a aquisição foi feita depois do default.
Originalmente, a Adapd era formada por 700 associados. Vázquez não revela o número atual, mas afirma serem mais de cem.
Vários dos que já fizeram parte da entidade aceitaram as negociações de 2005 e 2010. Esses receberam, em valores atualizados, uma média de US$ 1,20 para cada US$ 1.
Vázquez, de 59 anos, diz não ter aceitado nenhumas dessas propostas "porque implicaria perder toda a economia de uma vida".
No começo de abril, a Adapd enviou uma carta ao governo pedindo uma reunião, mas ainda não teve um retorno.
O Ministério da Fazenda informou que não houve discriminação e que a proposta é a mesma para todos. Nesta semana, saiu um acerto de US$ 170 milhões com holdouts individuais.
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