Gol propõe troca de bônus com redução de até 70% do valor de face
A Gol vai propor a detentores de bônus uma redução de até 70% no valor de face de alguns de seus títulos, em um plano para enfrentar a recessão brasileira e a queda na demanda por transporte aéreo no país.
Sob os termos da proposta, divulgada nesta terça-feira, a Gol vai trocar até US$ 780 milhões em bônus sem garantias no mercado norte-americano e com vencimentos que vão de 2017 a 2023, além de um bônus perpétuo, por títulos novos com garantia e vencimentos em 2018, 2022 e 2028.
O plano envolve o chamado "haircut", ou perdas que os investidores vão incorrer na troca dos títulos. Sob os termos propostos, a Gol planeja pagar 70% do valor de face dos bônus que vencem em 2017, 35% no caso dos títulos que vencem em 2020, 2022 e 2023 e 30% aos detentores do bônus perpétuo.
A Gol e o assessor na negociação com os detentores de bônus PJT Partners basearam a proposta nos atuais preços de mercado dos papéis, disse o vice-presidente financeiro da companhia aérea, Edmar Lopes, em entrevista a jornalistas. Ele acrescentou que a empresa também está renegociando empréstimos e leasings de aeronaves.
"Os empréstimos com bancos não serão sujeitos a qualquer desconto", disse Lopes.
Segundo a proposta, que será apresentada formalmente aos credores na quarta-feira, a Gol vai trocar os títulos com vencimento em 2017 por papéis que vencem em 2018. Os detentores dos bônus terão direito a uma parcela em dinheiro se aderirem à oferta antes de 17 de maio. A oferta é válida até 1º de junho.
Os novos papéis serão garantidos pela Gol e a subsidiária VRG Linhas Aereas SA, dando aos credores prioridade sobre outras dívidas não garantidas. A Gol planeja usar como garantia peças sobressalentes avaliadas em 220 milhões de dólares, disse Lopes.
"É uma oferta boa considerando as condições atuais de mercado", disse o executivo. "Esta oferta é a oferta que cabe no fluxo de caixa da companhia olhando para nosso balanço e para como pretendemos desalavancar a companhia para os próximos anos. (...) Acreditamos que vamos ter um grau de sucesso suficiente", afirmou Lopes.
Ele evitou comentar sobre o impacto de um eventual sucesso na operação sobre o endividamento da companhia. A Gol está em período de silêncio antes da divulgação de seu resultado de primeiro trimestre, previsto para 11 de maio.
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