Indicadores do mercado brasileiro se reaproximam dos de emergentes
Alex Almeida - 5.out.2008/Folhapress | ||
Descolado de exterior em vários pregões, Ibovespa e real voltaram a convergir a indicadores emergentes |
Com o agravamento da recessão e da crise política, o mercado financeiro do Brasil passou boa parte do último ano e meio com desempenho pior em relação aos pares emergentes. A partir do aumento das apostas de impeachment de Dilma Rousseff, no início de março, o movimento começou a se reverter.
Descolado dos demais mercados em vários pregões, o Ibovespa e o real tiveram as maiores altas globais, e a percepção de risco do país caiu.
A euforia contribuiu para que, aos poucos, a "curva" do Brasil começasse a se reaproximar dos emergentes.
Agora, passada a fase que culminou no afastamento de Dilma, analistas acreditam que o mercado doméstico só vai "colar" de vez nos demais se o governo do presidente interino, Michel Temer, tomar rapidamente medidas para a retomada efetiva da economia.
Os sinais mais fortes de perda de fôlego da economia começaram a aparecer após o segundo turno da eleição presidencial de 2014.
As preocupações em relação às contas públicas aumentavam, e a Operação Lava Jato atingia políticos e empreiteiras. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo, começou a piorar em dezembro de 2014, quando se discutia o ajuste fiscal.
A partir de março deste ano, o índice voltou a se aproximar dos emergentes, registrando no último dia 12 a menor diferença (5,94 pontos) desde 22 de janeiro de 2015 (4,55 pontos). Isso coincidiu exatamente com o início do governo interino de Temer.
REAL X MOEDAS EMERGENTES - Número índice, base 27.out.2014 = 100
O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote, começou a piorar em março de 2015, mês de protestos contra Dilma.
O maior patamar do CDS –e o maior distanciamento dos emergentes– ocorreu em 28 de setembro de 2015. A comparação é feita entre o CDS do país e o de um bloco de 14 emergentes, que inclui o próprio Brasil.
No início daquele mês, a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirara o selo de bom pagador do país. Também em setembro, no dia 22, em meio a dúvidas sobre as medidas fiscais e temores de crise global, o dólar fechou acima de R$ 4 pela primeira vez na história. A diferença do real em relação às outras moedas foi ampliada em 21 de janeiro, quando o dólar atingiu R$ 4,16.
Desde então, esses ativos se recuperaram, embora o movimento tenha se revertido parcialmente nos últimos dias, com o temor de aumento de juros nos EUA.
Na última semana, a diferença entre a percepção de risco medida pelo CDS do Brasil e da média dos emergentes estacionou no nível do início de setembro de 2015.
O dólar comercial chegou a cair para R$ 3,44, no dia 11. Desde então, subiu, mas se manteve bem abaixo de R$ 4. Na sexta-feira (20), fechou cotado a R$ 3,51.
RISCO-PAÍS DO BRASIL X RISCO-PAÍS DE EMERGENTES - Número índice, base 27.out.2014 = 100
CENÁRIO EXTERNO
Apesar da euforia dos mercados, os primeiros dias do governo interino de Michel Temer, foram marcados pela queda da Bolsa e pela alta do dólar e da percepção de risco.
O principal índice da Bolsa paulista recuou 5,8% do dia 12, início do governo Temer, até sexta (20). O dólar à vista subiu 2,18% no período, e o CDS (credit default swap) do Brasil, indicador da percepção de risco, avançou 5,71%.
O motivo foi o crescimento das expectativas de alta dos juros americanos no próximo mês, que provocou uma corrida para o dólar e reduziu o fluxo de investimentos para os emergentes.
No Brasil, a nova equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi bem recebida, mas isso não foi suficiente para manter o mercado em alta.
"Os investidores esperavam o anúncio de alguma medida no início da semana, o que não aconteceu", diz o analista Alexandre Soares, da BGC Liquidez.
MEDIDAS
Para acalmar o mercado, Temer deverá anunciar nesta terça (24) medidas para melhorar as contas públicas nesta semana.
Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, explica que a perspectiva de alta dos juros nos EUA mascarou as preocupações de investidores em relação às medidas que serão tomadas pelo governo.
Para o economista, a falta de um diagnóstico para os problemas econômicos do país adiciona volatilidade ao mercado.
Bandeira ressalta que os investidores estão pessimistas no curto prazo e levemente otimistas no médio e longo prazos. "Tanto que, neste mês de maio, os investidores estrangeiros já retiraram R$ 1,3 bilhão da Bovespa."
"Essas medidas do governo são um grande ponto de interrogação, pois ainda não se sabe o que será feito, nem como e quando", avalia Roberto Indech, analista da corretora Rico.
"Também não se sabe se as reformas em discussão, como a da Previdência, terão sustentação política para passar no Congresso."
Indech diz que alguns fatores determinarão o desempenho dos mercados emergentes nos próximos meses. Um deles é o rumo dos juros nos EUA. Outro fator é o rumo da economia chinesa.
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