Dona da Oreo oferece US$ 23 bilhões pela Hershey, que rejeita proposta
Scott Olson/AFP | ||
Chocolates Hershey's à venda em loja de Chicago |
A Mondelez International, fabricante de doces e salgadinhos, apresentou oferta de US$ 23 bilhões pela aquisição da rival Hershey, em um esforço pela tomada do controle da companhia que tem profundas raízes na Pensilvânia e fabrica barras de chocolate e doces como o Reese's Peanut Butter e os bombons Hershey Kisses. O conselho de administração da empresa rejeitou a proposta.
Em nota, a Hershey informou que o seu Conselho Administrativo avaliou a proposta e informou que não há base para prosseguir com a discussão. "O Conselho Administrativo da Hershey e sua equipe de gestão estão comprometidos em agregar valor para todos os acionistas de acordo com o plano estratégico da companhia."
A Modelez, fabricante das bolachas Oreo e dos chocolates Cadbury, enviou uma carta ao grupo norte-americano prometendo preservar a cultura empresarial distintiva da Hershey e os empregos locais que a empresa gera, disseram duas pessoas informadas sobre o teor da proposta.
Elas acrescentaram que a Mondelez propõe mudar de nome, e que o negócio combinado assuma o nome Hershey. Duas pessoas informadas sobre as negociações informaram que a Mondelez fez uma oferta em ações e dinheiro que avalia as ações da Hershey em US$ 107.
A abordagem surge em um momento em que a Mondelez busca capitalizar o valor relativamente alto de suas ações, comparado ao de seus rivais, e um período de turbulência no Hershey Trust, fundo que controla cerca de 80% dos direitos de voto na empresa criada em 1894.
Executivos financeiros que estão acompanhando a situação de perto disseram também que a oferta destaca as preocupações correntes da Mondelez, cujo valor de mercado atinge US$ 69 bilhões, quanto à possibilidade de que ela mesma se torne alvo de uma futura oferta da Kraft Heinz Company, que é controlada pelo grupo de capital privado 3G Capital e pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett.
Mas é provável que haja obstáculos consideráveis à conclusão de uma transação, porque a Mondelez precisaria conquistar a aprovação do Hershey Trust, que para todos os efeitos controla a empresa, bem como a anuência do secretário da Justiça do Estado da Pensilvânia.
Uma das pessoas informadas sobre as negociações disse que a oferta em dinheiro e ações da Mondelez portava o valor de US$ 107 por ação, o que avaliaria a Hershey em US$ 23 bilhões. As ações da Hershey fecharam cotadas em US$ 97,40 na quarta-feira, e na quinta subiram em mais de 20%, para US$ 117,79, quando o "Wall Street Journal" publicou a notícia da oferta. As ações da Mondelez subiram em 1,3%, para US$ 43,59.
A oferta surge em meio a especulações sobre o futuro da Hershey, entre as quais o rumor de que a Nestlé possa ter interesse em adquirir a companhia.
O setor mundial de alimentos foi transformado nos últimos anos, já que a mudança nas preferências dos consumidores forçou empresas a repensar suas estratégias, promover consolidação e cortar custos.
Uma combinação entre a Mondelez e a Hershey daria à companhia sediada em Deerfield, Illinois, 18% do mercado mundial de doces, superando a rival Mars, e a tornaria a segunda maior fabricante de alimentos embalados no planeta, com 3% das vendas totais, de acordo com a Euromonitor.
"Trata-se de uma manobra altamente ambiciosa da Mondelez, dado o status simbólico da marca Hershey nos Estados Unidos", disse Jack Skelly, analista de alimentos na Euromonitor.
A Mondelez não quis comentar e representantes da Hershey não foram localizados para comentar de imediato.
Em um setor que está passando por tamanhas mudanças, também houve especulações de que investidores ativistas pudessem vir a montar uma combinação com os salgadinhos Frito-Lay, da PepsiCo, ainda que a Trian Fund Management, de Nelson Peltz, tenha abandonado sua campanha pública por essa combinação, depois que a Mondelez ofereceu ao investidor um posto em seu conselho.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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