Aversão global ao risco diminui e Bolsa tem leve alta; dólar sobe com BC
Marcos Santos/USP Imagens | ||
Banco Central realizou mais uma operação de swap cambial reverso no total de US$ 500 milhões |
Após um início de sessão marcado pela manutenção dos temores relacionados ao Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), a aversão global ao risco diminuiu nos mercados nesta quarta-feira (6).
Dados fortes sobre o desempenho do setor de serviços nos Estados Unidos em junho fizeram os índices na Bolsa de Nova York inverterem o sinal e passarem a subir. O petróleo também mudou de direção, passando a operar no campo positivo.
A ata do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) contribuiu para a melhora de humor dos investidores. O documento reforçou as apostas de que uma alta dos juros americanos não deve ocorrer tão cedo.
O Ibovespa, que chegou a cair quase 2% pela manhã, terminou o pregão com leve ganho, influenciado pelo movimento na Bolsa de Nova York e pelo avanço do petróleo. O dólar, no entanto, manteve-se em alta, fechando na casa dos R$ 3,33, afetado por mais uma ação do Banco Central no câmbio.
Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, afirma que os mercados globais buscam um ponto de equilíbrio, e deverão se manter voláteis no curto prazo. "Após o susto com o Brexit, os mercados subiram com as expectativas de que houvesse uma ação coordenada de bancos centrais para evitar uma desaceleração global; como não houve nada de concreto, passaram a cair", explica.
Para Bandeira, as turbulências na Europa, com o Brexit e dificuldades no setor bancário italiano, afetam o cenário mundial, mas não há risco de contaminação para outros países, nem de haver uma crise global como a vista em 2007/2008. "Os países estão bem mais preparados para enfrentar esses problemas", avalia.
No campo doméstico, os investidores aguardavam a definição da meta fiscal para 2017 e um possível aumento de impostos, como a Cide.
BOLSA
O principal índice da Bolsa paulista encerrou o pregão em leve alta de 0,11%, aos 51.901,81 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,3 bilhões.
As ações da Petrobras, que caíam mais cedo, fecharam no campo positivo, acompanhando a recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional. Os papéis da estatal tiveram valorização de 2,26%, a R$ 9,50 (PN), e de 3,08%, a R$ 11,69 (ON).
Os papéis da Vale também viraram e terminaram com ganho de 2,24%, a R$ 13,19 (PNA), e 1,43%, a R$ 16,29 (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 0,39%; Bradesco PN fechou estável; Banco do Brasil ON, -0,23%; Santander unit, +0,33%; e BM&FBovespa ON, -0,84%.
CÂMBIO
O dólar comercial fechou em alta de 1,09%, a R$ 3,3370, enquanto a moeda americana à vista teve ganho de 0,56%, a R$ 3,3200.
Pela quarta sessão consecutiva, o BC leiloou mais 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares pela autoridade monetária, somando US$ 500 milhões.
Com isso, o estoque de swap cambial tradicional (correspondente à venda futura da moeda) do BC cai para US$ 60,135 bilhões.
Alexandre Espírito Santo, economista da Órama, avalia que o mercado exagerou na queda do dólar ao testar o Banco Central sobre a volta dos leilões de swap cambial reverso. Antes do reinício dessas operações, a moeda americana atingiu o patamar de R$ 3,18.
"Agora, os investidores ajustam suas posições para próximo de R$ 3,30, o que é mais palatável para o momento atual", afirma o economista, para quem o cenário externo influenciou menos o câmbio doméstico do que o BC nesta quarta-feira.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 avançou de 13,910% para 13,915%; o contrato de DI para janeiro de 2021 subiu de 12,240% para 12,320%.
O CDS (credit default swaq) brasileiro, espécie de seguro contra calote e outro indicador de percepção de risco, porém, inverteu o sinal e caía 0,44%, aos 319,056 pontos.
EXTERIOR
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 encerrou a quarta-feira com ganho de 0,54%; o Dow Jones, +0,44%; e o Nasdaq, +0,75%.
Os índices acionários americanos inverteram o sinal e passaram a subir após a divulgação de dados do setor de serviços no país. O indicador mostrou que o ritmo de crescimento da atividade de serviços dos Estados Unidos atingiu máxima de sete meses em junho.
O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que seu índice do setor de serviços teve alta de 3,6 pontos, chegando a 56,5 em junho, leitura mais alta desde novembro.
Apesar dos dados fortes do setor de serviços nos EUA em junho, as apostas do mercado são de manutenção dos juros americanos no curto prazo.
A ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), divulgada há pouco, mostra que a autoridade monetária vai manter o atual patamar dos juros até ter maior clareza sobre as consequências do Brexit. O documento se refere ao encontro realizado em junho, pouco antes do plebiscito britânico e, portanto, da confirmação da saída do Reino Unido da União Europeia
O Fed também vai aguardar a evolução do mercado de trabalho americano, após dados decepcionantes do setor em maio.
Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em queda de 1,25%; Paris, -1,88%; Frankfurt, -1,67%; Madri, -1,75%; e Milão, -2,26%.
Mais três fundos imobiliários britânicos suspenderam os resgates de cotas por causa da forte demanda. São eles: Henderson Global Investors, Columbia Threadneedle e Canada Life. Desta forma, o número de fundos britânicos nesta situação subiu para seis.
Na Ásia, as Bolsas chinesas terminaram em leve alta, mas no restante da região os índices acionários caíram. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio perdeu 1,85%.
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Atualizado em 19/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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