Empresário tenta manobra para assumir controle da Oi
Leo Pinheiro - 13.out.2005/Valor Economico | ||
Empresário Nelson Tanure |
Nem bem entrou na UTI, a Oi se tornou palco de mais uma disputa que custará ainda mais para a companhia. O empresário Nelson Tanure, dono do grupo Docas, deu nesta sexta (8) um passo para assumir o comando da operadora e, assim, interferir no seu plano de recuperação judicial.
Tanure participa da administradora de recursos Bridge ao lado do fundo de pensão Ontario Teachers (Canadá) e do fundo Discovery Capital (EUA).
A Bridge, que comprou cerca de 5% da Oi dias antes de a tele entrar em recuperação judicial, agora pede ao conselho da companhia que marque uma assembleia-geral.
Na pauta está a destituição dos seis representantes ligados à Pharol, empresa que reúne os antigos sócios da Portugal Telecom e que possui cerca de 25% da Oi. A Bridge também pede a escolha de dois conselheiros para os postos que estão vagos neste momento. No total, o conselho da Oi tem 11 assentos.
A estratégia da Bridge, segundo apurou a Folha, é eleger seus próprios representantes, o que lhes daria o comando da empresa, pois é o conselho que decide os assuntos mais relevantes, inclusive o plano de recuperação, que será apresentado aos credores.
Segundo apurou a reportagem, os credores querem um desconto menor nas dívidas. Até o momento, um terço havia aceitado no máximo 50% de desconto. Tanure pode tentar negociar descontos maiores, de até 75%.
Um dos nomes que Tanure quer no novo conselho é o ex-ministro das Comunicações Helio Costa. Hoje consultor, Costa assessora o Docas.
A manobra depende do atual conselho da tele, que decidirá se aprova a convocação da assembleia.
Embora seja o maior acionista, a Pharol —assim como qualquer outro acionista— só pode votar com até 15% das ações. É o que determina o estatuto da operadora.
OI EM DISPUTA - Principais acionistas, em %
Mas nada impede que um grupo combine votar em bloco em seus indicados ao conselho. Assim, tomariam a gestão da companhia para si.
A Bridge só tem 5,2% das ações. Mas, somando a participação direta dos fundos Ontario Teachers e Discovery Capital com as ações da PetroRio (empresa de Tanure), chega-se a cerca de 18%, mais que o limite de 15% com que a Pharol será obrigada a votar. Ou seja: Tanure já teria mais que os portugueses.
Nos bastidores, representantes do empresário já procuram pessoas no governo e no BNDES, que tem cerca de 4% das ações da Oi, para conseguir apoio para a manobra.
DANO SEVERO
Dizem que os portugueses causaram dano severo para a Oi com a fusão. Primeiro, deram empresas sobreavaliadas. Depois, veio à tona dívida escondida de € 897 milhões. Para eles, não é bom para o acionista que a empresa fique nas mãos desse grupo.
De outro lado, os portugueses da Pharol divulgaram comunicado reforçando o compromisso com o futuro da Oi, que teve de renegociar R$ 64,5 bilhões com os credores, a maioria estrangeira.
OI EM DISPUTA - Maior parte da dívida da empresa é financeira
Tentam chamar a atenção dos acionistas para o que consideram uma marca negativa de Tanure, que, para eles, compra empresas à beira da falência por um preço muito baixo para vendê-las depois por um preço bem maior, independentemente do interesse da companhia.
Eles dizem que o episódio da dívida escondida não tem a ver com eles. Os sócios responsáveis saíram da empresa, e os executivos responsáveis estão sendo processados.
Procurados, a Oi, a Pharol e o ex-ministro Helio Costa não quiseram comentar o assunto. A Bridge e seus acionistas informaram que não iriam se pronunciar.
EMPRESAS EM DIFICULDADE SÃO ALVO DE EXECUTIVO
O empresário Nelson Tanure quer repetir na Oi o que fez na petroleira HRT, hoje PetroRio.
Em 2013, depois de comprar uma participação minoritária na empresa, convenceu os acionistas a trocar o conselho.
No ano seguinte, houve a troca e o conselho passou a ser presidido por Helio Costa, consultor do grupo.
As aquisições da Tanu- re são quase sempre feitas por meio da Docas investimentos, veículo financeiro que atua desde 2000 comprando participações em empresas dos mais variados setores, como energia, petróleo, telecomunicações e estaleiros.
A maior parte de seus investimentos é em empresas em dificuldades prestes a falir. Foi assim com o estaleiro Emaq (hoje estaleiro Ilha), nos anos 1980. Depois, vieram o Verolme, o "Jornal do Brasil" e a "Gazeta Mercantil".
No passado, o empresário travou uma disputa milionária com a TIM, que, ao ser fundir com a Intelig, passou a ter Tanure como sócio. Ambos discutiram sobre o valor das ações e o empresário acabou perdendo.
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RAIO-X OI/1º TRIMESTRE DE 2016
Prejuízo
R$ 1,67 bilhão
Receita
R$ 6,76 bilhões
Ebitda
R$ 1,77 bilhão
Concorrentes
Vivo, TIM, Claro
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