Mercado incipiente, internet das coisas conecta de bueiro a boi
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Pecuarista usando aplicativo de monitoramento de gado da empresa BovControl |
Bueiros, coleiras, aparelhos hospitalares, eletrodomésticos, equipamentos industriais e fazendas. Tudo isso está na mira de novas empresas em busca de seu espaço no incipiente mercado de internet das coisas.
Produtos e serviços que conectem esses itens a sensores e transmissores de informações têm potencial para ganhar terreno no cotidiano de consumidores, de empresas e do poder público, segundo Samuel Rodrigues, analista da consultoria IDC.
Dados da empresa apontam que existem no Brasil aproximadamente 140 milhões de objetos conectados à internet (sem contar celulares). Para 2020, a consultoria espera que o número ultrapasse os 400 milhões.
O potencial desse mercado vem do aumento da eficiência que proporcionam, por oferecer grande quantidade de dados para a tomada de melhores decisões, de acordo com Ricardo Buranello, vice-presidente da Telit (fornecedora de componentes para o segmento) para a América Latina.
TUDO CONECTADO - Veja projetos que usam a internet das coisas
Os bueiros e as lixeiras inteligentes da Net Sensors, por exemplo, possuem sensores que analisam qual seu nível de preenchimento. A partir dessa informação, a limpeza da cidade pode ser feita de forma mais eficiente, afirma Carlos Chiaradia, presidente da empresa.
"Quase 50% dos bueiros que são limpos diariamente não têm sujeira a ser removida", diz.
A empresa, que foi uma das vencedoras de desafio de inovação urbana promovido pela Cisco em 2015, realizou projetos-pilotos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro neste ano.
Um dos setores que mais têm a ganhar com a conexão de objetos é a indústria.
Para ela, a start-up Indwise desenvolveu aparelho que, a partir da leitura de impulsos elétricos, mede a produtividade de máquinas e compara o dado com a produção esperada para que gestores possam reconhecer problemas rapidamente, diz João Marinheiro, fundador da companhia.
A companhia, que tem apoio da Wayra (aceleradora de start-ups da Telefónica), realiza testes em clientes de médio e grande porte, incluindo a BRF, afirma Marinheiro.
INTERNET RURAL
Outra aposta do setor está em levar conectividade às fazendas.
A Agrosmart, empresa que foi acelerada pelo Google, oferece um kit com 14 sensores diferentes que monitoram plantações, acompanhando qualidade do solo, necessidade de irrigação e desenvolvimento da cultura.
A partir das informações coletadas, a empresa oferece recomendações automatizadas para o produtor, diz Mariana Vasconcelos, cofundadora da empresa.
A companhia não informa quantas fazendas usam sua ferramenta.
A BovControl também busca unir internet e campo, oferecendo um aplicativo que permite o armazenamento de informações sobre gado, substituindo as anotações em papel.
Danilo Leão, cofundador da empresa, afirma que parte da interação com a plataforma pode ser feita de modo automatizada, a partir de objetos conectados.
O aplicativo consegue se conectar com equipamentos de identificação bovina (brincos e chips, por exemplo), balanças e termômetros, desde que esses usem a tecnologia bluetooth (sem fio) e sejam de fornecedor já integrado com a companhia, diz.
DESAFIOS
Se, por um lado, muitos projetos vêm demonstrando uso inteligente das possibilidades abertas pela internet das coisas, torná-los negócios de grande escala ainda é um desafio, afirma Mario Lemos, líder da área de internet das coisas na consultoria Accenture.
Segundo ele, atualmente existem hardwares flexíveis, compatíveis com grande variedade de sensores e que permitem um desenvolvimento rápido de protótipos.
Porém esses aparelhos não são adequados para uma produção em larga escala, por serem caros. O crescimento depende de um estudo detalhado para criar um projeto específico para a solução da empresa, encontrar e desenvolver fornecedores e decidir onde produzir, se no Brasil ou em outro mercado, diz.
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