Na contramão dos EUA, consumo de suco de laranja cresce entre brasileiros
Edson Silva - 29.jul.2012/Folhapress | ||
Linha de produção da indústria de suco de laranja Cutrale, em Araraquara (SP) |
Enquanto o consumo do suco de laranja recua com força em seu maior mercado, os EUA, a indústria brasileira aproveita a demanda interna, que vai na direção contrária.
Prejudicado pela concorrência de bebidas mais baratas ou menos calóricas, o consumo do suco de laranja concentrado congelado nos EUA caiu cerca de 39% entre 2003 e 2015, para 613 mil toneladas. O Brasil, por sua vez, teve alta de 40%, para 63 mil toneladas, conforme dados da consultoria Markestrat.
O mercado brasileiro de sucos 100%, aquele sem adição de água e açúcar, ainda tem espaço para evoluir porque é proporcionalmente muito menor, segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, entidade que reúne exportadores.
"No mundo, o suco de laranja já é consolidado, mas no Brasil ainda tem muito o que crescer. O suco tipo exportação está começando a pipocar com diversas marcas agora", afirma Netto.
Devido ao histórico exportador, a indústria brasileira só passou a olhar o mercado interno quando precisou reagir à queda não só nos EUA, mas no resto do mundo. De 2003 a 2015, foi de 19% a redução nos 40 principais mercados da bebida, que absorvem mais de 95% das exportações brasileiras.
Uma mudança nos hábitos de consumo do brasileiro, que passou a buscar a conveniência de sucos saudáveis prontos, e as iniciativas de empreendedorismo no segmento impulsionaram a entrada de novas marcas.
Além da Do Bem, comprada pela AmBev em abril, despontam concorrentes de suco com posicionamento saudável como a Natone, gestada por um empresário da família Ermírio de Moraes, e a Blíssimo, fundada por um ex-executivo da Philips.
SAÚDE RELATIVA
Por ser tão novo no Brasil, o suco 100% ainda está ganhando participação de mercado. Ele ainda é visto como uma evolução em termos de compra de um produto mais saudável em relação aos refrescos e néctares, com menor proporção da fruta e que hoje dominam o varejo.
Embora seja a mesma bebida, os maduros mercados americano e europeu passaram a ver o alto teor de açúcar do suco de laranja com desconfiança. Especialistas veem correlação entre a queda no consumo do suco e o crescimento de outros tipos de bebidas, como águas com sabor, energéticos e isotônicos.
"Acho que, nos EUA, há mudanças nos hábitos de consumo do café da manhã. Os galões de suco de laranja 100% estão caros, e as bebidas quentes, como café e chá, estão sendo mais procuradas", afirma Howard Telford, analista da Euromonitor.
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Nutricionista recomenda comer a fruta inteira
A redução de açúcar se tornou um obstáculo para a indústria de bebidas.
Na Europa e nos Estados Unidos, o suco de laranja 100% perde demanda porque passou a ser visto como vilão por consumidores que buscam saúde.
O mercado brasileiro ainda é dominado por néctares e refrescos, que levam menos fruta e mais mistura de outros ingredientes, ou seja, o suco 100% ainda tem espaço para crescer como opção de item saudável.
Para a analista da Euromonitor Angélica Salado, porém, o Brasil deve seguir a tendência. "É provável que, no futuro, o mercado brasileiro passe pela mesma desaceleração", afirma.
A nutricionista Caroline Guimarães explica que o suco de laranja tem concentração de açúcar superior a outras frutas. Ela recomenda comer a laranja inteira, com as fibras, em vez de beber suco, porque a fibra reduz a absorção do açúcar.
Até na indústria de refrigerantes, a rejeição ao açúcar impactou a demanda pelo suco de laranja. Em 2014, Fanta reduziu o suco de laranja na composição. Compensou com suco de maçã.
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