Pesquisa com Trump à frente gera tensão; Bolsa cai 2,46% e dólar sobe 1,63%
Carlo Allegri /Reuters | ||
Trump é visto por analistas e investidores como radical e com postura anti-mercado |
O humor dos mercados financeiros ao redor do mundo piorou nesta terça-feira (1), após pesquisa de intenção de voto mostrar o republicano Donald Trump à frente da democrata Hillary Clinton a apenas uma semana da eleição presidencial nos EUA.
As Bolsas nos EUA e na Europa terminaram em queda, mas o dólar caiu frente às principais moedas, com investidores buscando mais segurança no franco suíço e no euro.
No Brasil, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa recuou 2,46%, a maior baixa em um mês e meio, e o dólar acelerou a alta, chegando à casa dos R$ 3,24 –maior cotação em quase um mês.
O real teve uma das maiores desvalorizações do dia. A maior queda foi do peso mexicano, mais sensível à questão eleitoral americana.
De acordo com a pesquisa ABC News/Washington Post, Trump aparece com 46% das intenções de voto, à frente de Hillary, que tem 45%.
Investidores de todo o mundo temem uma eventual vitória de Trump, considerado radical e com postura anti-mercado.
"Embora analistas tentem diminuir a relevância de uma pesquisa em particular, aumenta a cautela nos mercados internacionais, principalmente após a reabertura das investigações dos e-mails de Hillary pelo FBI", comenta a Guide Investimentos, em relatório.
O fato de ser véspera de feriado no Brasil aumenta a aversão ao risco no mercado local. Também há cautela em todo o mundo por causa da reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), que termina nesta quarta-feira (2).
BOLSAS
O Ibovespa fechou terça-feira em baixa de 2,46%, aos 63.326,42 pontos. Foi a maior queda desde 13 de setembro deste ano (-3,01%). O giro financeiro foi de R$ 9,6 bilhões.
Operadores lembram que o índice subiu quase 50% no ano até outubro, e que há espaço para a chamada realização de lucros, quando os investidores vendem ações por um valor mais alto para embolsar os ganhos recentes.
Os papéis da Petrobras recuaram 4,69%, a R$ 16,86 (PN), e 3,80%, a R$ 17,93 (ON).
As ações da Vale subiram 0,67%, a R$ 20,77 (PNA), e 0,99%, a R$ 22,30 (ON).
Entre as siderúrgicas, Usiminas PNA perdeu 5,32%; CSN ON, -4,65%; e Gerdau PN, -4,17%.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN caiu 2,94%; Bradesco PN, -2,93%; Bradesco ON, -2,45%; Banco do Brasil ON, -4,60%; Santander unit, -2,81%; e BM&FBovespa ON, -2,92%.
Em Nova York, o índice S&P 500 caiu 0,68%; o Dow Jones, -0,58%; e o Nasdaq, -0,69%.
Na Europa, a Bolsa de Londres perdeu 0,53%; Paris, -0,86%; Frankfurt, -1,30%; Madri, -1,12%; e Milão, -1,32%.
CÂMBIO E JUROS
O dólar comercial fechou em alta de 1,63%, a R$ 3,2410. É a maior cotação desde 4 de outubro (R$ 3,2560). A moeda americana já subia mais cedo, mas acelerou a alta com as incertezas relacionadas à eleição americana.
Contribuiu para a desvalorização do real o fim do fluxo da repatriação de recursos e a cautela de investidores em relação à reunião de política monetária do BC americano.
"Não se espera que os juros americanos subam amanhã (2), mas o Fed pode dar mais sinalizações que fortaleçam ainda mais as apostas de elevação das taxas em dezembro", destaca Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.
Pela manhã, o Banco Central leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no valor de US$ 250 milhões.
Nesta terça-feira, venceram US$ 2,96 bilhões em contratos de swap cambial tradicional, que correspondem à venda futura de dólares. Desta forma, o estoque de swap cambial (posição vendida) do BC caiu para US$ 25,1 bilhões. Segundo analistas, no ritmo atual, este estoque deve ser zerado até o fim de março.
No mercado de juros futuros, os contratos subiram, refletindo a alta do dólar e o ambiente de aversão ao risco.
O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e outro indicador de percepção de risco, avançava 2,53%, aos 280,886 pontos.
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