Bradesco tem queda de 1,6% no lucro no 3º trimestre, para R$ 4,462 bilhões
Paulo Whitaker/Reuters | ||
Bradesco registrou lucro líquido contábil de R$ 3,236 bi no 3º trimestre, queda de 21,5% em um ano |
O lucro líquido ajustado do Bradesco caiu 1,6% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2015. O resultado, que exclui despesas extraordinárias, ficou em R$ 4,462 bilhões e inclui pela primeira vez o desempenho do HSBC, incorporado ao banco em 1º de julho.
Já o lucro líquido contábil –que inclui as despesas extraordinárias–, foi de R$ 3,236 bilhões, uma queda de 21,5% no período.
"A interpretação deve representar um momento de passagem. É um balanço de transição", disse Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco ao falar sobre os resultados.
O banco viu sua despesa contra calotes crescer e o índice de inadimplência em alta. Também cresceram as despesas administrativas e de pessoal —fruto da campanha salarial do bancários, que ficaram 31 dias em greve, em setembro, e das despesas com o patrocínio da Olimpíada e da Paraolimpíada, impactando diretamente o resultado do banco.
A carteira de crédito do Bradesco, principal fonte de receita das instituições financeiras, somou R$ 521,8 bilhões, sendo que R$ 79,8 bilhões vieram do HSBC. Excluído o HSBC, a carteira recuou 6,84% em 12 meses e 1,23% na comparação com o segundo trimestre.
O banco destacou crescimento em crédito consignado, financiamento imobiliário e operações em cartão de crédito, como também ocorreu com Itaú e Santander.
A inadimplência do Bradesco, contudo, segue crescendo.
Em setembro, a taxa de calotes foi de 5,6%, acima dos 3,8% registrados há um ano. Excluído o HSBC e a inadimplência de um único cliente corporativo —análise feita pelos outros bancos também—, o índice seria de 4,85%.
"Nosso entendimento é que a inadimplência deve atingir pico no quarto trimestre e passar a ter estabilidade", disse Luiz Carlos Angelotti, diretor gerente e de relações com investidores.
Os atrasos acima de 90 dias na pessoa física alcançaram 6,53% no último trimestre, acima dos 5,2% registrados em setembro de 2015. Em junho, era de 5,79%. O banco também viu crescer calotes de micro e pequenas empresas, que atingiram 7,41% –índice que seria maior se o HSBC fosse retirado da conta.
As despesas contra devedores duvidosos foram de R$ 5,742 bilhões, sendo que R$ 1,189 bilhão foram provenientes do HSBC. O número é quase 50% maior que o registrado há um ano.
SERVIÇOS
As receitas com serviços atingiram R$ 7,450 bilhões, alta de 16,8% em um ano, impulsionadas por conta-corrente, fruto do trabalho de maior segmentação de clientes, segundo o Bradesco.
Os grandes bancos têm trabalhado para alocar clientes de renda média (de R$ 4.000 a R$ 10.000) para segmentos com pacotes de tarifas diferenciados (e mais caros).
Também cresceu o volume de operações com cartão, que eleva a receita desta linha.
Trabuco descartou o interesse no leilão do Banco Postal, que deve ocorrer amanhã. O Bradesco foi o primeiro parceiro na rede de atendimento bancário nas agências dos Correios.
"Nós compusemos uma rede de distribuição que hoje está presente em 100% dos municípios brasileiros, e essa rede nos basta", disse. O banco chegou a retirar o edital do leilão.
RETOMADA
"O Brasil parou de piorar", defendeu Trabuco, que disse que os bancos brasileiros como um todo entrarão em 2017 com bom nível de capital e excelente provisionamento.
Segundo Angelotii, a expectativa é que o sistema de crédito cresça algo próximo a 5% em 2017, avanço que o Bradesco deve acompanhar.
No entanto, o banco deve atrelar a redução dos juros cobrados dos clientes à queda da inadimplência, que deve ocorrer de forma muito lenta, mais para o final de 2017 na previsão do banco.
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