Para paciente do Rio, opção é buscar vaga em hospital de São Paulo
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Regina Santos, 57, que sofre de doença hereditária crônica |
A família Santos carrega nos genes uma moléstia que já afetou duas gerações: rins policísticos, doença hereditária que atinge uma em cada mil pessoas. Dos sete irmãos, quatro, Regina, Ruth, Reginaldo e Roberto, a herdaram do pai, que morreu aos 35.
Usuários do SUS nas três esferas (municipal, estadual e federal) fazem de tudo para driblar a segunda. Para eles, não dá para contar com o serviço, diante da crise financeira do Estado do Rio.
No fim de 2015, a saúde do Rio entrou em colapso, emergências e UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) fecharam, a rede carecia até de esparadrapos. O governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), decretou estado de emergência, e recebeu aportes federais e empréstimos da Prefeitura. O cenário era resultado da dívida com fornecedores.
O serviço, porém, permanece precário. Trabalhando com cerca de 40% do orçamento estadual previsto, a Secretaria de Saúde vem realizando cortes profundos nas despesas, que já totalizam cerca de R$ 1,4 bilhão anual.
Regina, 57, sabe que vai precisar de um segundo transplante e procura vaga em hospitais de São Paulo. "Já entrei em contato com outros pacientes de hospitais de São Paulo para saber como vão as filas por lá."
Segundo a nefrologista Deise de Boni, que comanda as equipes de transplantes renais e hepáticos, o Centro Estadual de Transplante viu dias piores no início do ano, mas opera abaixo da capacidade.
Por falta de pagamento a médicos e de material para cirurgias, em 2015, a unidade ameaçou fechar as portas e, em janeiro, chegou a suspender os transplantes.
Deve fechar 2016 com um número menor de transplantes realizados, cerca de 200, ante 241 no ano passado.
"Estamos funcionando, mas isso é hoje, não posso responder pelo dia de amanhã", afirma de Boni.
A irmã mais nova de Regina, Ruth, 47, perdeu parte da audição pelo uso excessivo de antibióticos e vai recorrer à clínica particular mais barata que a família encontrou para fazer os exames necessários para uma cirurgia.
A diretora do Sindsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro) Clara Fonseca diz que os servidores da área estão com salários atrasados e falta material básico de trabalho nos hospitais.
"São coisas como luvas, seringas. O servidor da saúde hoje é um verdadeiro MacGyver", diz Fonseca.
Segundo o vice-presidente do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro), Nelson Nahon, o deficit de leitos no CTI adulto é de 150 por dia. "Todos os dias 150 feridos têm o atendimento negado. Não sei o que acontece com essas pessoas."
O Estado disponibiliza, segundo a entidade, 5% de repasses para o Fundo Estadual de Saúde -a lei prevê 12%. A Fazenda não nega nem confirma, afirmando apenas que terá os dados no fim do ano.
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APERTO DE CINTOS
Veja as principais medidas anunciadas pelo governo do Rio
CONTRIBUIÇÃO
O pacote de medidas anunciado amplia para 30% os descontos nos salários de servidores e aposentados
OUTROS PODERES
Ainda no âmbito da Previdência, outros poderes e órgãos autônomos deverão assumir o deficit previdenciário de seus servidores. A medida será adotada paulatinamente, sendo apropriado 20% do deficit a cada ano, a partir de 2018 e até 2022
ENXUGAMENTO DA MÁQUINA
O número de secretarias passará de 20 para 12. A Casa Civil, por exemplo, vai incorporar as secretarias de Governo, Trabalho e Direitos Humanos
O projeto prevê a extinção do programa Aluguel Social, que atende famílias removidas de áreas de risco ou desabrigadas. Os benefícios já concedidos serão extintos até junho de 2017
Os programas Renda Melhor e Renda Melhor Jovem, voltados para famílias de baixa renda, também serão extintos em janeiro de 2017
SALÁRIO DO FUNCIONALISMO
Os reajustes salarias de servidores da segurança pública, bombeiros e auditores fiscais –negociados em 2014 e que seriam parcelados entre 2017 e 2019– serão adiados em três anos, para 2020
Haverá também redução de 30% nos salários do governador, seu vice, secretários, subsecretários, chefes de gabinete e presidentes e vices de estatais, autarquias e fundações
IMPOSTOS
O governo anunciou aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos seguintes produtos: fumo (de 27% para 29%), energia (para quem consome acima de 200 kW, de 29% para 31%), gasolina (de 32% para 34%), cerveja e chope (de 19% para 20%), refrigerante (de 18% para 19%) e serviços de telecomunicações (de 30% para 32%)
BILHETE ÚNICO
A tarifa de integração do transporte intermunicipal pelo Bilhete Único vai passar de R$ 6,50 para R$ 7,50, e haverá um teto de R$ 150 para o subsídio mensal
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Atualizado em 23/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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