Cervejarias temem perder mercado para maconha nos EUA
Robson Ventura - 15.nov.2011/Folhapress | ||
Fabricantes de bebidas nos EUA doam verbas para campanhas de combate à legalização da maconha |
Um setor vem acompanhando os avanços da legalização da maconha em Estados dos EUA com certo desconforto: os fabricantes de bebidas alcoólicas, cujos produtos movimentam US$ 200 bilhões ao ano.
Ainda que álcool e maconha possam parecer compatíveis para algumas pessoas, há produtores de bebidas que temem a maconha como concorrente, e algumas organizações setoriais chegaram a doar verbas para campanhas de combate à legalização.
Em referendos neste mês, cinco Estados decidiram se legalizariam ou não o uso recreativo da maconha, e Maine, Massachusetts e Nevada, além da Califórnia, aprovaram a medida.
A Boston Beer Company, maior fabricante de cerveja artesanal dos Estados Unidos, com marcas como Samuel Adams, acredita que o afrouxamento das leis de controle da maconha representa risco para suas vendas.
"É possível que o uso legal da maconha afete adversamente a demanda pelos produtos da empresa."
Em Massachusetts, a organização setorial Comitê de Ação Política dos Distribuidores de Cerveja doou US$ 25 mil neste ano a uma campanha de combate à legalização.
Trevor Stirling, analista da corretora Bernstein, diz ser compreensível que a Boston Beer -que realiza a maior parte de suas vendas nos EUA- defina a legalização como fator de risco enquanto as grandes fabricantes internacionais de cerveja, como a Anheuser-Busch InBev, que produz a Budweiser, não o fazem.
"A cerveja artesanal tende a atrair compradores mais jovens e mais hipsters, e a probabilidade de que eles também consumam maconha é alta", disse Stirling.
"O consumidor típico da Budweiser -um operário-, por outro lado, apresenta menor probabilidade de fumar maconha, e com isso o risco é potencialmente maior para as cervejarias artesanais do que para os grandes fabricantes."
Outras empresas de bebidas também estão preocupadas. A Brown-Forman, sediada no Kentucky, fabricante do uísque Jack Daniel's, lista a "potencial legalização do uso da maconha" como fator de risco em seu balanço.
Se existe algum indicador, dados recentes do Colorado, o primeiro Estado a autorizar a venda de maconha para fins recreativos, em 2012, sugerem que a venda de maconha não está necessariamente prejudicando as vendas de álcool.
A arrecadação tributária do Colorado com as vendas de cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas cresceu 4,5% nos oito primeiros meses do ano, o que representa alta ante o crescimento de 2,7% registrado no mesmo período de 2015 e sobre o 0,1% de 2014.
Nos EUA, 14% dos adultos admitem usar maconha -bem abaixo dos 70% que consomem álcool e dos 25% que fumam tabaco, segundo o grupo de pesquisa Cowen.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 25/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,48% | 124.137 | (11h23) |
Dolar Com. | +0,34% | R$ 5,1665 | (11h26) |
Euro | 0,00% | R$ 5,5142 | (11h01) |